Lunda Norte: Protesto contra preços da TAAG avança
4 de fevereiro de 2018A transportadora aérea angolana TAAG anunciou no sábado (03.02) a introdução de um mecanismo de gestão de tarifas nas rotas domésticas, prevendo a redução de até 20% do preço dos bilhetes dos voo domésticos para o leste de Angola. O Conselho de Administração da TAAG tomou esta decisão depois de várias reclamações dos populares que ameaçam sair à rua em protesto.
Segundo a jornalista Filomena Mununga, uma das promotoras do evento ouvida pela DW África, a manifestação que estava prevista para este sábado, 3 de fevereiro, foi reprimida pelas autoridades, alegadamente por falta de autorização.
Os promotores garantem que na próxima terça-feira (06.02) vão voltar a remeter uma carta ao governo da província para informar sobre a realização da marcha contra a tarifa dos voos da TAAG.
Filomena Mununga afirma que a marcha que pode acontecer ainda esta semana, uma vez que a alteração do preçário anunciada pela TAAG "não é uma certeza”.
"Para além disso, a redução será apenas para quem comprar o bilhete com antecedência”, acrescenta.
Forte aparato policial
Segundo Filomena Mununga, a marcha de sábado não se realizou devido à burocracia do governo da província. No passado dia 31 de janeiro, os organizadores remeteram uma petição ao governo provincial onde davam a conhecer a pretensão da realização de uma manifestação.
O governo provincial da Lunda Norte pronunciou-se no dia 1 de fevereiro, convidando os promotores "a suprir as insuficiências da petição, tais como a identificação da moradia dos subscritores, previsto nos termos do artigo 6 número 3 da Lei n 16/91 de 11 de Maio”, explica Mununga.
Apesar da proibição, muitos populares compareceram ao local indicado para os protestos contra a TAAG. No entanto, foram dispersados por elementos da polícia angolana que estavam fortemente armados, diz Filomena Mununga: "Apesar do comunicado, vários cidadãos estiveram presentes nas proximidades do local, mas foram impedidos pelo forte aparato policial".
"No período da manhã, estavam três carros lotados de polícias armados bem próximos da casa do meu pai, onde eu me encontrava. Fotografei-os, dois deles armados até aos dentes. Vieram ter comigo e obrigaram-me a apagar as fotos. Apaguei, para não dar motivos para iniciarem a violência", contou a jornalista da Rádio Nacional de Angola à DW África.
Filomena Mununga queixa-se de estar a sofrer perseguição política. Afirma que desde o anúncio da manifestação tem recebido mensagens e recados com ameaças.
Comunicado dos promotores
Entretanto, os promotores da marcha publicaram um documento revelando que por volta das 14h40 de sábado, quando tudo apontava para a realização do protesto, "dois altos funcionários do Governo Provincial da Lunda Norte ligaram para um dos promotores da manifestação procurando saber a sua localização, tendo ido ao encontro do mesmo, numa viatura de alta cilindrada, com um novo pronunciamento, alegando novamente que os promotores não cumpriram com os pressupostos do artigo 6 numero 3 da Lei 16/91 de 11 de Maio".
Para os promotores, as autoridades "fazem uma interpretação errada da lei, exigindo que os promotores colocassem o número da casa, o nome da rua e o número do apartamento, quando na reclamação já constavam elementos suficientes para serem considerados localizáveis".
Além da marcha marcada para este sábado, no Dundo, contra as tarifas praticadas pela companhia estatal nas rotas domésticas, outros protestos semelhantes têm surgido em províncias do interior. No Moxico, está marcada uma manifestação contra o aumento do preço dos transportes e o abate indiscriminado das árvores.
A tarifa de algumas ligações domésticas é mais cara do que alguns voos internacionais da própria TAAG, como São Tomé e Príncipe, Namíbia ou África do Sul. As passagens nas rotas domésticas da companhia registaram um aumento no princípio do ano, devido à depreciação da moeda nacional, tendo o kwanza sofrido uma queda de 28%, o que obrigou ao reajuste dos preços.