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Líbia e Sahel foram temas da Conferência de Segurança

com agências | cvt
17 de fevereiro de 2020

Nenhum chefe de Estado africano participou na Cimeira de Segurança em Munique, mas a instabilidade na Líbia e no Sahel foi debatida pelos ministros do Exterior e representantes de organizações internacionais presentes.

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München Sicherheitskonferenz 2020
Intervenção de Emmanuel Macron na Cimeira de Segurança em MuniqueFoto: Getty Images/C. Stache

A Conferência de Segurança de Munique que aconteceu neste final de semana contou com a participação de ministros do Exterior de vários países e de representantes das Nações Unidas (ONU). As contínuas violações ao embargo internacional à venda de armas na Líbia e a ação de grupos armados na região do Sahel foram debatidos na cimeira.

O secretário-geral da ONU António Guterres ressaltou - em comunicado divulgado no âmbito da conferência - que a Líbia recebe armas de fora do país, o que favorece ao aumento da intensidade dos confrontos.

O ministro do Exterior alemão Heiko Maas reconheceu a necessidade de um esforço adicional para cortar o apoio militar externo às partes. "Será importante estabelecer transparência e assegurar que aqueles que continuam a quebrar o embargo não escapem sem serem detetados", disse Heiko Maas.

Maas acrescentou que vai sugerir - na reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) desta segunda-feira (17.02) - que o bloco europeu estabeleça uma missão para monitorar o embargo.

Líbia e Sahel foram temas da Conferência de Segurança

"Monitoramento e responsabilização"

A enviada especial da ONU para a Líbia, Stephanie Williams, disse que o embargo é incapaz de diminuir a violência entre os grupos armados rivais no país.

"Há violações por terra, mar e ar, mas é necessário que haja monitoramento e responsabilização. Há muito armamento na Líbia e isso é muito perigoso para a paz e segurança regional. Sem mencionar [o perigo para] a paz e segurança internacional", salientou Williams.

Segundo um relatório recente da Save the Children, 170 milhões de crianças africanas estão a viver em zonas de guerra. As mais afetadas estão na África Oriental e na região do Sahel.

Segundo o diretor do Instituto Internacional de Investigação sobre a Paz de Estocolmo (SIPRI), Dan Smith, um sentimento geral na cimeira era de que os assuntos africanos não chamam a atenção do Ocidente.

"Quando algo acontece no Sahel, a menos que isso signifique fluxo de migração para a Europa - a Europa não está particularmente preocupada com isso. É longe o suficiente para não preocupar-se. A Líbia fica mesmo do outro lado do Mediterrâneo, por isso a Europa vai preocupar-se", disse o diretor do SIPRI, que dedica-se à pesquisa sobre conflitos e fluxo de armas.

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Ministra da Defesa da República Centro-Africana Marie-Noëlle KoyaraFoto: DW/F. Muvunyi

O secretário-executivo da Organização do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares, Lassina Zerbo, por outro lado, acha que o que acontece em África é motivo de preocupação para o Ocidente. "Em um mundo global, tudo está próximo. [Os países do Ocidente] importam-se com a Líbia… A segurança no Sahel vem da Líbia. Não concordo com a noção de que o Ocidente não se preocupa com a segurança em África", afirmou.

Mais atenção alemã

A ministra alemã da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, defendeu uma atuação mais robusta da Alemanha em África e apelou a uma estratégia comum das várias iniciativas militares presentes na região. A possibilidade de apoio alemão ao combate ao terrorismo e aos grupos armados no Sahel animou a ministra da Defesa da República Centro-Africana, Marie-Noëlle Koyara.

"Para além dos aspectos políticos, é essencial preocupar-se com a situação humanitária. Se olharmos para as crianças a sofrer - milhões de crianças que sofrem porque perderam os pais - as mulheres são violadas, as aldeias bombardeadas… A humanidade não deve tolerar isso", disse Koyara.

O diretor-geral de Operações do Banco Mundial, Axel van Trotsenburg, irá ao Sahel para avaliar a situação. Trotsenburg disse à DW África que o Banco Mundial e a UE investiram pelo menos 10 mil milhões de euros desde 2014 para melhorar a subsistência da população.

Münchner Sicherheitskonferenz AKK Annegret Kramp-Karrenbauer
Ministra da Defesa da Alemanha Annegret Kramp-Karrenbauer Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe

"Queremos apoiar os planos de desenvolvimento dos países da zona do Sahel. Eles estão a conduzir [a situação]. Eles sabem melhor o que é bom para os seus países, e nós queremos fazer parte dos seus esforços", esclareceu Trotsenburg.

China e coronavírus

Também a ameaça imposta pelo novo coronavírus foi abordada durante a conferência pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o chefe da Organização Mundial de Saúde.

No seu discurso, Wang elogiou a iniciativa de milhares de pessoas que se empenharam para construir e trabalhar em hospitais. O ministro fez referência ao 100 países e organizações internacionais que apoiaram a China.

Wang garantiu ainda que a economia de seu país continua firme. "Estamos a ver a luz. A economia chinesa está bem posicionada para superar todos os riscos e desafios. Os fundamentos que sustentam um crescimento econômico sólido não mudaram e não mudarão".