Líderes mundiais lembram vítimas do holocausto
27 de janeiro de 2024Vários líderes mundiais marcaram, este sábado (27.01), o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A data assinala também o 79º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
Na Alemanha, o chanceler Olaf Scholz apelou à luta contra o antissemitismo e à defesa da democracia: "Nunca mais a exclusão e a privação de direitos. Nunca mais a ideologia racial e a desumanização. Nunca mais a ditadura. Este é o principal objetivo do nosso Estado", disse o chefe de Governo alemão numa mensagem em vídeo.
O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, na Alemanha, surge num contexto de mobilização generalizada contra os partidos de extrema-direita no país.
O objetivo é combater "todas as formas de antissemitismo, propaganda terrorista e misantropia. O nosso país está de novo de pé, mas o nunca mais exige a vigilância de todos. A nossa democracia não vem da providência. Vem do trabalho", alertou Scholz.
O líder alemão ressaltou que "milhões de cidadãos estão a sair às ruas pela democracia, pelo respeito e pela humanidade", face aos populistas que "espalham o medo e o ódio", aos "neonazis e às suas redes obscuras".
Unidade contra "forças do ódio"
Por seu turno, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou à união de todos os países para "se levantarem contra as forças do ódio e da divisão".
Aproveitando a comemoração, Guterres alertou que o mundo está "a testemunhar como o ódio se está a espalhar a um ritmo alarmante", particularmente na Internet, onde "passou das margens para ser a corrente principal de opinião".
"Espero que nunca nos calemos perante a discriminação e que nunca sejamos tolerantes com a intolerância. Temos de defender os direitos humanos e a dignidade de todos, sem perder de vista a humanidade dos outros", afirmou.
"A lógica do ódio e da violência"
No Vaticano, o Papa Francisco afirmou que "a lógica do ódio e da violência nunca pode ser justificada" porque nega a própria humanidade.
"Que a memória e a condenação do horrível extermínio de milhões de judeus e de outras religiões no século passado nos ajudem a não esquecer que a lógica do ódio e da violência nunca pode ser justificada, porque nega a nossa própria humanidade", disse.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também quis recordar a data, com o qual "a humanidade tocou o seu abismo" e lembrou que a comunidade judaica está a atravessar "dias particularmente difíceis".
"O ataque feroz do Hamas, em 07 de outubro, desencadeou uma nova onda de ódio contra o povo israelita e reacendeu focos de antissemitismo que nunca tinham sido completamente extintos e que ganharam novo vigor, muitas vezes escondidos por detrás de críticas às decisões do Governo israelita", alertou.
Mais ação contra o extremismo
Entretanto, o Comité de Auschwitz apelou a uma ação mais dura contra o extremismo de direita na Alemanha e também no resto da Europa. O seu vice-presidente executivo, Christoph Heubner, alertou para a existência de redes de "mentirosos conspiradores" e "agitadores".
O Conselho Central dos Judeus na Alemanha sublinhou a importância da preservação dos locais históricos e dos antigos campos de extermínio, a fim de preservar a memória do Holocausto como forma de reforçar "a democracia viva", nas palavras do seu presidente, Josef Schuster.
Este ano assinala-se o 79º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau e comemora-se os seis milhões de mulheres, homens e crianças judeus, bem como todas as outras vítimas assassinados durante o Holocausto.