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Macron em África: Uma maratona "contra China e Rússia"

af | DW (Deutsche Welle)
26 de julho de 2022

O Presidente francês, Emmanuel Macron, iniciou uma visita oficial aos Camarões, e até quinta-feira visitará o Benin e a Guiné-Bissau. A viagem coincide com uma maratona diplomática que a Rússia está a fazer em África.

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Foto: Ammar Abd Rabbo/abaca/picture alliance

Yaoundé, capital camaronesa, foi na noite desta segunda-feira (25.07) a porta de entrada de Emmanuel Macron na sua primeira visita a África desde a sua reeleição. No seu perfil no Twitter, o líder francês divulgou um vídeo da sua chegada, no qual recebe as boas-vindas de dezenas de cidadãos.

Nesta terça-feira (26.07),  Macron será recebido em audiência pelo seu homólogo camaronês Paul Biya, com que poderá discutir o conflito nas regiões anglófonas do país.

Capo Daniel, chefe adjunto das Forças de Defesa de Ambazónia, um dos grupos separatistas nos Camarões, acredita que "outros movimentos irão assistir a este evento com a esperança de que Emmanuel Macron esteja a pressionar Paul Biya a escolher o caminho da resolução pacífica da guerra".

Distanciamento da França

A deslocação de Emmanuel Macron a África acontece numa altura em que alguns países francófonos se têm afastado da França e dos seus aliados.

O Mali e a República Centro-Africana, por exemplo, manifestam abertamente o apoio que recebem de mercenários russos para ajudar no combate aos insurgentes islâmicos no Sahel. Os golpes de Estado no Chade e no Burkina Faso são também vistos como tendo ferido os laços com a França.

Na quarta e quinta-feira desta semana, o estadista francês segue viagem ao Benin e à Guiné-Bissau, respetivamente.

Encontro com Sissoco Embaló em Bissau

Na Guiné-Bissau, Emmanuel Macron vai encontrar-se com o atual presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, com quem tentará encontrar saídas para as crises constitucionais, devido aos golpes de Estado no Mali, Guiné-Conacri e Burkina Faso.

Ejani Leornard Kulu, um analista político camaronês, acredita que a visita de Macron é também uma tentativa de contrabalançar o domínio emergente da Rússia e China em África.

Paris Macron und Guinea-Bissau Präsident Umaro Sissoco Embalo
Macron e Sissoco Embaló encontraram-se em Paris em outubro do ano passadoFoto: CHRISTOPHE PETIT TESSON/AFP

"Se tomarmos o caso dos Camarões, que assinaram um acordo de defesa com a Rússia, também concessionaram a exploração de minas à China, põe-se em causa o estatuto francês e expressa-se algum distanciamento contra a França. Assim, a França quer reposicionar-se contra outros parceiros como a China e a Rússia", aponta.

Maratona diplomática russa em África

Coincidência ou não, o facto é que a visita do Presidente francês a África acontece no mesmo período em que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, está de visita ao Egito, Congo-Brazzaville, Etiópia e Uganda, onde uma das agendas é contrariar o isolamento diplomático imposto a Moscovo pelo Ocidente.

Sergei Lavrov também leva na bagagem garantias sobre o fornecimento de cereais russos a África, depois do bloqueio provocado pela guerra na Ucrânia.

Ägypten | Treffen Sergey Lavrov und  Präsident Abdel Fattah el-Sissi
Serguei Lavrov, chefe da diplomacia russa (esq.), durante encontro com o Presidente egípcio Abdel Fattah el-Sissi, no CairoFoto: Egyptian Presidency/AP/picture alliance

O analista de políticas russas de desenvolvimento em África Ovigwe Eguegu considera que a visita de Lavrov a África visa persuadir os "velhos aliados" para não votarem contra as ações de Moscovo junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em troca, segundo Eguegu, a Rússia oferece "garantias de acesso aos cereais, combustíveis e algumas das commodities que preocupam o continente [africano] neste momento devido à guerra na Ucrânia".

África sem lado declarado

Apesar desta aproximação cada vez mais evidente de Moscovo aos países africanos, Ovigwe Eguegu observa que ainda é difícil determinar se os países africanos se vão aliar com a Rússia ou com o Ocidente.

"Parece melhor para os países africanos não assumirem publicamente as suas preferências. Por isso, temos países com o Egito, que é um dos parceiros russos, mas se absteve a votar contra a invasão russa à Ucrânia", ressalta.

Para além da Rússia, outros "players”, como a China e Turquia, têm estado a aumentar a sua influencia em África.

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