Líbia em cima da mesa de encontro entre Macron e Al-Sisi
7 de dezembro de 2020O Presidente egípcio chegou este domingo (06.12) a Paris para uma visita de Estado de três dias destinada a reforçar a cooperação bilateral face às crises no Médio Oriente, devendo ser questionado sobre a situação dos direitos humanos.
O encontro na manhã de segunda-feira (07.12) entre Abdel Fattah al-Sisi e Emmanuel Macron é o ponto alto da visita de Estado de três dias a França, parceiro estratégico do Egito nas crises do Médio Oriente.
O último encontro entre os dois chefes de estado ocorreu no Caito, há cerca de dois anos, altura em que divergiram sobre a questão dos direitos humanos. Em 27 de janeiro de 2019, o Presidente francês lamentou que a situação no país do norte de África não tenha evoluído "na boa direção", porque "bloggers, jornalistas e ativistas" permaneciam detido.
Desde então, a situação não registou alterações significativas. "Não esqueça que estamos numa região turbulenta", respondeu na ocasião Abdel Fattah el-Sisi, no poder desde 2014 após a destituição do ex-Presidente Mohamed Morsi, detido e já falecido, num golpe de Estado militar.
Defensores dos direitos humanos esperam posição forte
Emmanuel Macron deverá abordar novamente esta questão, assegurou o Eliseu. Os defensores dos direitos humanos exigem por sua vez uma posição forte do Presidente francês.
Diversas organizações não-governamentais pedem que Paris "passe das palavras aos atos" e condicione o seu apoio militar ao Egito à libertação dos presos políticos, e quando a França se tem destacado como um dos principais países a garantir a venda de armamento sofisticado ao novo regime.
Na passada quinta-feira (03.12) autoridades egípcias anunciaram a libertação de três dirigentes da ONG Iniciativa egípcia para os direitos pessoais (EIPR), cujas detenções em novembro suscitaram numerosos protestos.
No entanto, e antes de chegada de Al-Sisi a Paris, foi anunciado que os fundos pessoais destes três responsáveis da EIPR foram congelados por um tribunal do Egito, após terem sido acusados de pertencerem a uma organização terrorista. A decisão foi divulgada nas redes sociais desta organização.
Terrorismo e Líbia na agenda
Os dois chefes de Estado deverão ainda abordar o atual estado da cooperação nos grandes desafios da segurança regional, da luta contra o terrorismo à crise na Líbia, e ainda as rivalidades com a Turquia no Mediterrâneo oriental.
A França e o Egito pretendem consolidar os "sinais positivos" registados na Líbia, do acordo sobre um cessar-fogo ao estabelecimento de um diálogo político inter-líbio, como sublinhou Paris, que tem sido acusado de ter apoiado o marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste da Líbia, ao lado do Egito.
Sob o impulso do marechal Abdel Fattah al-Sissi, as autoridades detiveram milhares de membros e apoiantes da Irmandade Muçulmana, com a maioria a rejeitar envolvimento em ações violentas.
Desde 2013 que as manifestações estão proibidas no Egito, e a repressão também atingiu de forma implacável os militantes laicos e de esquerda, com pesadas condenações, incluindo a pena capital.