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Maior partido da oposição moçambicana ameaça bloquear estradas

Nádia Issufo19 de junho de 2013

A Renamo ameaçou impedir a circulação da via rodoviária e ferroviária se o governo não mudar os planos. Ultimamente, a oposição e o governo têm saído sem resultados concretos das mesas de negociações.

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Maior partido da oposição moçambicana ameaça bloquear estradasFoto: Marta Barroso/DW

Em Moçambique, o maior partido da oposição ameaça impedir a circulação rodoviária e ferroviária, de sul a norte do país, a partir desta quinta feira (20.06).

De acordo com a Renamo, o objetivo é impedir a militarização do exército governamental na região centro do país, onde se localiza o seu bastião.

Operação contra Satungira

Fernando Mazanga, o porta-voz do partido, disse à DW África que a Renamo tomou uma medida preventida para "dissuadir o governo a não militarizar Sofala". Na opinião dele, foi a maneira encontrada para cortar a logística militar que é fornecida à região em questão, a partir do sul de Moçambique, disse Mazanga. Uma forma de fazer o governo moçambicano perceber que a solução para a tensão precisa sair da mesa das negociações e que não pode acontecer por via militar, completou.

À DW África, Mazanda disse ainda que o chefe de Estado maior das forças armadas e o comandante do exército moçambicano estão na cidade da Beira a preparar uma operação contra Satungira onde se encontra o presidente do partido, Afonso Dhlakama.

Perguntamos se, em termos constitucionais, é legal esta atuação da Renamo, levando em conta que Moçambique tem um governo eleito. Mazanga respondeu astutamente:

"Quando a Frelimo começou a luta pela independência do país havia um governo cujas leis não permitiam isso. Quando a Renamo começou a luta pela democracia multipartidária, em 1987, havia um governo e uma Constituição. Quando os governantes se tornam arrogantes e ditadores, a solução tem sido o recurso a tudo aquilo que pode até não ser o respeito pela Constiuição ou às leis que foram feitas pelos homens. Mas quando essas leis se mostram desajustadas ou quando os governantes pretendem humilhar ou avacalhar com os demais, o resultado é esse. Portanto, nós temos consciência do que está a ser feito. Mas o governo também deveria ter sido o primeiro a considerar as questões de fundo que preocupam os moçambicanos."

País em guerra?

O grande paradoxo de toda esta tensão em Moçambique é o que acontece na capital Maputo onde os representantes das duas partes dialogam, embora sem resultado. Então por que no interior do país há derramamento de sangue?

Mosambik Zusammenstöße RENAMO Rebellen mit Polizei
Derramamento de sangue devido a desencontros entre oposição e governoFoto: Getty Images/AFP

Para o docente e analista político moçambicano Eduardo Sitoe, tudo não passa de uma estratégia de negociação.

"A Renamo, por um lado está na mesa de negociações e tem suas exigências, mas por outro lado, aciona mecanismos como ameaçar com o uso da força, seja de forma declarada ou não. Mas é evidente que a Renamo trabalha para assegurar que as suas posições sejam levadas em consideração na mesa de negociações", defende Sitoe.

Porém, dada a frequência dos confrontos e a ameaça da Renamo, que ultimamente tem cumprido com as suas promessas, questionamos se é possível dizer que o país está em guerra.

O porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga disse que não, mas que há tensão. Na opinião dele, a solução está nas mãos do governo moçambicano. "Afinal, foram eles que começaram", destacou Mazanga.

Recorda-se que o maior partido da oposição já fez saber que não participará das eleições legislativas marcadas para novembro, nem das gerais em 2014, se não houver paridade em termos de representação partidária na Comissão Nacional de Eleições (CNE).

A Renamo ameaçou até mesmo impedir a realização do escrutínio.

Apesar do aumento da tensão em Moçambique, o analista político Sitoe acredita que já foram dados alguns passos na mesa de negociações.

Na opinião dele, nenhuma das partes irá abandonar as negocições. "Não creio que após seis rondas de negociações não tenha sido discutido nada como ficamos sabendo pela imprensa. Acredito que eles devem ter outros fóruns ou mecanismos e que estão a procura de uma solução", concluiu Eduardo Sitoe.

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