Malanje: Possível apagão preocupa famílias na época festiva
18 de dezembro de 2023A vida está cara. Os preços dos produtos aumentam cada vez mais. Em novembro, a inflação subiu para 18,19% em relação ao período homólogo do ano passado. E a poucos dias da época festiva, paira no ar o receio de um apagão geral.
Joana Miguel, vendedora há 16 anos no mercado de Xá-Wandi, nos arredores de Malanje, diz que está preocupada.
"Nós já estamos aflitas, porque dependemos de energia, nós somos vendedoras de frescos. Cortando a energia, como é que fica? Vamos ter muitos prejuízos. Como é que vamos sobreviver sem energia? Nós não aceitamos isso", reclama.
Torres de transmissão vandalizadas
O alerta para o risco de apagão foi dado pelo presidente do conselho de administração da Rede Nacional de Transporte de Eletricidade, na semana passada. Rui Gourgel disse que uma das torres de transmissão de energia elétrica foi alvo de vandalismo e, se a chuva e ventos fortes continuarem, poderá cair e provocar um apagão.
A concretizar-se, seria a cereja no topo do bolo de um ano que não tem sido nada fácil, comentam os cidadãos entrevistados pela DW.
Maria João, dona de casa, diz que, à semelhança dos outros anos, já preparou tudo para comemorar as festas. Mas ficar sem energia seria desastroso. "Nós não podemos ficar quatro ou cinco dias sem energia. Não podemos passar a quadra festiva na escuridão. Temos de ter energia, com a vela nós não vamos aguentar", diz.
Apagões propiciam a criminalidade
Os apagões não são novidade no país. Ainda em julho, um estudo do Afrobarómetro indicava que dois terços dos angolanos estão descontentes com o Governo devido aos problemas no fornecimento de energia elétrica. Nas áreas rurais do país, só 6% dos inquiridos disse ter eletricidade o tempo todo ou a maior parte do tempo. Nas zonas urbanas, foram 68%.
O problema também é que, muitas vezes, a escuridão propicia a criminalidade, comenta Fortunato Gaspar, morador do bairro Campo da Aviação, no interior de Malanje.
"Vão nos criar muitos problemas, isso devido à bandidagem que tem ocorrido no nosso bairro, cá no Campo da Aviação", prevê Gaspar.