Mali: Coronel Assimi Goita declarado Presidente de transição
29 de maio de 2021A decisão tomada na sexta-feira (28.05) estipula que o vice-presidente de transição, coronel Goita, "exerça as funções, atribuições e prerrogativas de Presidente de transição" e que carregue "o título de Presidente de transição, chefe de estado".
O Tribunal Constitucional tomou posição depois de ter constatado a "vacatura da Presidência" na sequência da renúncia daquele que até então era o Presidente de transição, Bah Ndaw.
"Devido à vacatura da Presidência de transição, (...) o vice-presidente de transição assume as prerrogativas, atribuições e funções de Presidente de transição, chefe de Estado", escreve o tribunal.
Primeiro-ministro
Mais cedo, ainda na sexta-feira, Goita disse que um novo primeiro-ministro será nomeado dentro de dias, nas suas primeiras considerações desde que tomou o poder.
Ele fez o anúncio durante uma reunião com figuras políticas e da sociedade civil em Bamako, segundo um jornalista da AFP, à medida que a pressão internacional aumenta sobre a administração militar no poder do país.
"Nos próximos dias, o primeiro-ministro que será nomeado realizará uma ampla consulta entre as diferentes facções", disse.
Ele pediu aos participantes na reunião que apoiassem a sua preferência por um primeiro-ministro do movimento de oposição M5, um grupo outrora poderoso que os militares puseram de lado após o golpe de agosto.
"Ou aceitamos dar as mãos para salvar o nosso país, ou travamos guerras clandestinas e todos falharemos", disse Goita.
Bastidores
O coronel Goita, homem forte no Mali desde o golpe de Estado que liderou em 18 de agosto de 2020 com um grupo de oficiais, prendeu o presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane na segunda-feira (24.05).
Assimi Goita anunciou na terça-feira (25.05) que os havia demitido dos seus cargos. A demissão foi então apresentada como renúncia, sem que se soubesse se foi voluntária.
Entretanto, Bah Ndaw e Moctal Ouane foram libertados na quinta-feira (27.05).
"O primeiro-ministro e o Presidente de transição foram libertados por volta das 01:30 (horário local). Mantivemos a nossa palavra", disse oficial à Agência France-Presse (AFP), sob condição de anonimato.
Diversos membros da família confirmaram a libertação.
Os dois homens voltaram para casa, em Bamako, sem que as condições para sua libertação tivessem sido especificadas, acrescenta a AFP.
A libertação foi uma das reivindicações da comunidade internacional face ao aparente segundo golpe de Estado no Mali em nove meses.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realizará uma cimeira para discutir a situação política no Mali no domingo (30.05).