Milhares de idosos sem apoio social em Manica
17 de abril de 2020São no total 24.074 idosos beneficiários do subsídio social básico, oriundos de oito distritos, nomeadamente, Chimoio, Mossurize, Machaze, Gondola, Sussundenga, Macate, Vanduzi e Manica. Não recebem o subsídio social básico, cerca de 540 meticais (o equivalente a 7,42 euros por mês) já desde novembro, alegadamente devido ao "défice orçamental".
Para muitos idosos ouvidos pela DW África, sob condição de anonimato, o subsídio governamental é a única forma de terem comida na mesa. Sem a ajuda mensal, as pessoas que ainda têm forças para andar procuram ajuda nas ruas da cidade. Mas muitos já não têm como se alimentar.
"Estamos a viver à rasca, muitos neste momento estão com muitas dívidas", conta uma idosa, salientando que muitos já não conseguem fazer pequenos negócios nas ruas para atenuar a situação. "Estamos há seis meses sem subsídio. Com o valor conseguimos comprar milho, caril e sabão. Estamos surpreendidos com a demora do governo."
"Lembrem-se de nós!"
A senhora ouvida pela DW lança um apelo ao Governo, para que este não se esqueça dos idosos mais carenciados: "Lembrem-se de nós! Assim vamos morrer dentro de casa, pedimos por favor ao nosso pai Governo para disponibilizar o valor."
Outra idosa, que também não se identificou por temr represálias, queixa-se também de dificuldades. Vive sozinha, sem familiares que a possam apoiar. "Estamos a sofrer desde do dia em que o subsídio foi cancelado, em novembro, e hoje estamos em abril. São seis meses de sofrimento porque nem comida sequer temos", lamenta.
"No mês passado", conta ainda, "fomos informados de que o dinheiro já estava disponível, mas mais tarde informaram-nos que o valor ainda não tinha chegado." Segundo a idosa, o que resta é "aguardar uma nova data" a anunciar pelo Governo. "Nós não conseguimos fazer nada, pedimos o grande favor ao governo que se recorde de nós, não se esqueçam de nós, por favor!", apela.
Em Chimoio, uma moradora relata a situação dramática dos beneficiários do subsídio social básico no seu bairro, onde muitos estão sem rendimento: "Muitos dos velhos já nem sequer conseguem carregar lenha, nem fazer negócios, estão a viver mal mesmo. Estão a chorar. Os que podem vão à cidade pedir esmola."
Autoridades pedem "calma"
O delegado do Instituto Nacional de Acção Social em Chimoio, Armando Tangai, pede calma aos beneficiários do subsídio, garantindo que as verbas serão em breve desembolsadas: "Certamente estamos atrasados. De facto não temos os subsídios atualizados. Mas há um esforço, que está sendo feito ao nível da delegação e do Governo central, por forma a que haja desembolso. Já existe orçamento reorientado para fazer face aos meses em atraso."
O funcionário púlbico aproveita a ocasião para apelar aos concidadãos idosos para que tenham "esperança", pois haveria garantias do Governo de que vão receber esses valores. "Não são valores perdidos", conclui.