Manica: Polícia apela à denúncia de abusos sexuais
26 de fevereiro de 2018A polícia moçambicana está a apelar aos cidadãos para quebrarem o silêncio e denunciarem casos de abuso sexual. O pedido surgiu após a uma denúncia de uma menor de 12 anos, que disse ter sido abusada sexualmente pelo avô, infetado com o vírus da SIDA.
O porta-voz da Polícia da República de Moçambique, Mateus Avelino Mindú, agradeceu aos pais por fazerem a denúncia publicamente. "Queremos aproveitar, deste modo, para saudar o comportamento dos progenitores da menor ao se dirigirem ao gabinete de atendimento, para denunciar esse tipo de acto, porque casos similares têm acontecido noutras regiões e os familiares resolvem-nos a nível familiar", explica.
A menor está sob cuidados médicos. O avô, de 63 anos de idade, está detido a aguardar julgamento, mas nega as acusações.
No ano passado, na província central de Manica, foram reportados 120 casos de abuso sexual. Mas as autoridades temem que o número seja bastante superior - por falta de denúncias.
"LeMuSiCa" apoia
Anchia Camal Mulima Anaiva, coordenadora da organização "LeMuSiCa" (que quer dizer "Levante-se Mulher e Siga o seu Caminho"), pede uma mudança de atitudes. "A mudança de comportamento que queremos é ver o homem a olhar para a mulher como se fosse um ser humano e não um instrumento de prazer, um instrumento de resolver os seus problemas, quando se trata da rapariga, ou resolver os seus problemas no saneamento da pobreza dentro das próprias famílias", afirma.
A "LeMuSiCa" opera em cinco distritos da província de Manica, difundindo mensagens de sensibilização nas comunidades. A organização, com mais de 450 membros, cuida neste momento de 17 crianças.
"Temos recebidos casos de raparigas violadas sexualmente, outras forçadas a casamentos prematuros", afirma a responsável, acrescentando que "há meninas que vêm infetadas com HIV".
Nesta área da violência, a "LeMuSiCa" tem trabalhado em vários aspetos: "capacitamos, sensibilizamos, divulgamos e fazemos o acompanhamento das vítimas de violência a instâncias jurídicas e hospitalares", explica Anchia Camal Mulima Anaiva. Desde o início do ano, as autoridades de Manica receberam denúncias de dois casos de abusos sexuais. Os suspeitos estão detidos.