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Manifestações “vão continuar” até às eleições gerais em Angola

16 de julho de 2012

A garantia foi dada por um dos participantes na manifestação de sábado, 14 de julho, em Luanda. Américo Vaz deu nota zero à atuação da polícia que, assegura, foi parcial, estando ao serviço do partido no poder, o MPLA.

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Manifestações “vão continuar” até às eleições gerais em Angola
Manifestações “vão continuar” até às eleições gerais em AngolaFoto: DW

De acordo com informações dos manifestantes, mais de 300 pessoas foram até às ruas para protestar contra a recandidatura do Presidente angolano José Eduardo dos Santos, que está há 32 anos no poder.

A manifestação teve lugar na zona do mercado de São Paulo, em Luanda, e foi organizada pelo autodenominado "Movimento Revolucionário Estudantil". Entre 11 e 12 pessoas terão sido detidas pela polícia angolana na sequência da manifestação. No entanto, todas elas já terão sido libertadas, segundo informações da agência Lusa.

Américo Vaz participou na manifestação e falou à DW África sobre os protestos e o papel da polícia.

DW África: Acha que a manifestação de sábado, 14 de julho, foi bem sucedida?

Amérivo Vaz (AV): Sem sombra de dúvida. Conseguimos, no mínimo, passar a mensagem, no mercado de São Paulo, e consideramos mesmo que atingimos 75% do que havíamos preconizado nesta manifestação.

DW África: Quantas pessoas é que calcula que tenham estado na manifestação?
AV: O número é elevado. Éramos cerca de 320 pessoas na manifestação. O importante não é o número expressivo. O importante para nós é fazer passar a informação, dar a conhecer às pessoas o que é que estamos a fazer, o que é que estamos a reivindicar, neste preciso momento. Isso é que nos deixa contentes, alegres. Embora o ambiente tenha sido hostil por causa da presença massiva da polícia nacional, uma vez que a polícia, nessas alturas, não se comporta como uma entidade independente e imparcial, ao serviço dos cidadãos para proteger a ordem pública, neste caso, garantir a segurança dos organizadores e dos participantes da atividade. Não foi isso que nós sentimos, mais uma vez. A polícia teve um comportamento cuja nota a atribuir é mesmo zero.

DW África: Numa notícia citada pela agência angolana Angop, a polícia apela à direção dos partidos políticos e aos militantes para se absterem de práticas suscetíveis de perturbarem a ordem e segurança públicas. A manifestação de 14 de julho foi convocada com objetivos políticos?

AV: Para quem teve contato com a declaração da manifestação, viu claramente que os objetivos que norteavam a organização eram puramente civis, sociais, pelos quais os jovens entenderam reclamar. Eu não sei até que ponto a polícia nacional teve a coragem de fazer esse policiamento. Isso não cabe à polícia nacional fazer.
O que nós constatamos é que a polícia nacional se comportou como uma estrutura do partido no poder [o MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola], tendo em conta a agressão que direcionou contra alguns membros do movimento, no caso, os 11 companheiros que foram detidos, no sábado. Entre eles está, neste momento, com ferimentos, hematomas e escoreações, Pedro Malembe que foi vítima exclusivamente do comandante da divisão do Sambizanga, o senhor Francisco Notícia.

DW África: Vai participar em mais manifestações até às eleições gerais de 31 de agosto?

AV: As manifestações em Angola vão continuar, já anunciamos, até que se reponha a legalidade. O povo soberano de Angola quer exercer [a sua cidadania]. Nós estamos a fazer uma tentativa de resgate da soberania, que pertence ao povo. O povo é quem determina, o povo é quem exerce a soberania. [...] O que nós vimos em 2008 foi uma fraude monumental. É diante do exercício de cidadania e diante do resgate à soberania que nós vamos continuar a fazer as manifestações em Luanda.

Autor: Guilherme Correia da Silva
Edição: Glória Sousa / António Rocha

Jovens angolanos já se tinham protestado em Benguela, em março de 2012
Jovens angolanos já tinham protestado em Benguela, em março de 2012Foto: DW
Jovens manifestaram-se em Luanda contra a recandidatura de José Eduardo dos Santos à presidência
Jovens manifestaram-se em Luanda contra a recandidatura de José Eduardo dos Santos à presidênciaFoto: dapd

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