Martin Schulz, o candidato otimista
19 de setembro de 2017Martin Schulz, candidato pelo Partido Social-Democrata, SPD, à chancelaria federal alemã mantém a esperança de ganhar as eleições gerais, apesar de as pesquisas indicarem uma vitória de Angela Merkel.
O político começou o ano eleitoral de 2017 com voos altos. Schulz assumiu a liderança do Partido Social-Democrata, SPD, em março com 100% dos votos dos delegados da legenda. A ascensão do social-democrata gerou um clima de mudança e atraiu novos membros para o partido. O chamado "efeito Schulz" preocupou a União Democrata Cristã (CDU), de Merkel.
Com discursos calorosos e abilidade para motivar pessoas, Schulz chegou a ultrapassar Merkel nas pesquisas de intenção de voto, entre fevereiro e março. No entanto, a empolgação inicial foi abafada com as eleições estaduais. O partido perdeu os postos de ministro-presidente para a CDU em dois estados. Apesar dos resultados negativos, Schulz manteve-se esperançoso.
"Acompanho as pesquisas e todas as sondagens têm uma coisa em comum: um em cada dois eleitores ainda não sabe em quem vai votar. E isso torna essa campanha eleitoral ainda mais empolgante. Quero conquistar os indecisos e, quando fizer isso, conseguirei ganhar as eleições. Esse é meu objetivo", afirmou. Vindo da pequena cidade de Wurselen, no oeste da Alemanha, Schulz tinha aos 17 anos o sonho de ser um jogador de futebol. Após sofrer um grave acidente, ele teve de abandonar o sonho e passou a ter problemas com alcoolismo. "Eu deixei a escola e vi o mundo por debaixo. E, apesar disso, tenho orgulho de ter conquistado o que conquistei", diz.
Com a ajuda de amigos, Schulz conseguiu superar o problema e abriu uma livraria, que manteve até iniciar a carreira política. Aos 31 anos, ele foi eleito prefeito de Wurselen e, em 1994, conquistou um assento no Parlamento Europeu, do qual tornou-se presidente em 2012. O social-democrata de 61 anos ocupou o cargo até 2016.
Cooperação com países africanos
Além de ter um profundo conhecimento sobre política europeia, Schulz sempre expressou preocupação com os mais pobres. No entanto, sua estratégia de política doméstica foi criticada por representar tudo, menos conteúdo. Em relação à África, Schulz considera possível estabelecer uma cooperação com Estados africanos, incluindo os não-democráticos, para reduzir a migração à Europa.
"A imigração para a Europa não é um crime. Se alguém quiser emigrar para a Europa, essa pessoa deveria poder. Mas o pedido de asilo não deveria ser a única opção. Precisamos de uma lei de imigração, como têm os Estados Unidos, Canadá e Austrália. Assim, eles teriam a chance de dar entrada num visto de imigração. Não é nenhuma garantia, mas uma chance", ressaltou em entrevista à DW.
Segundo as últimas pesquisas, o SPD tem cerca de 20% das intenções de voto, contra mais de 30% da coligação CDU e CSU. Apesar disso, Schulz permanece no ataque a almejar o posto que Merkel ocupa há mais de dez anos. "Eu tenho um equilíbrio interior, que me diz que pesquisas são apenas pesquisas. No dia 24 de setembro, o povo é quem vai decidir. Sabes o que acontece quando nos orientamos por pesquisas? Esquecemos nossas convicções. E eu não faço isso."