Medo de fraude ronda segunda volta em São Tomé e Príncipe
3 de setembro de 2021São Tomé e Príncipe entra na reta final da campanha para a segunda volta das eleições presidenciais. Carlos Vila Nova, da Acção Democrática Independente (ADI), e Pósser da Costa, do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), são os candidatos que concorrem à sucessão de Evaristo Carvalho. A quinta eleição para Presidente da República no regime multipartidário em São Tomé e Príncipe acontece neste domingo (05.09).
Pósser, advogado de profissão e antigo primeiro-ministro, e Vila Nova, engenheiro de telecomunicações e antigo ministro das Infraestruturas Recursos Naturais, defrontam-se num pleito que está a ser marcado pelo medo de fraude eleitoral.
Oposição foi vitoriosa no primeiro turno
Carlos Vila Nova foi o candidato mais votado na primeira volta, com mais de 43% dos votos. Ele diz que está a trabalhar para voltar a conseguir no segundo turno a preferência dos cerca de 38 mil eleitores que o escolheram na primeira volta.
A sua estratégia para vencer a 5 de setembro passa pela conquista da confiança dos indecisos ou abstencionistas - que no primeiro turno foram mais de 35 mil. "É preciso de facto olhar para este eleitorado porque foi uma franja bastante grande”, afirma.
O candidato da ADI também acha que a maior parte dos abstencionistas são eleitores que perderam confiança na classe política. Vila Nova relembra, no entanto, que é necessário reverter este cenário. "É preciso credibilizar esta classe política. Encontrar uma plataforma de diálogo com todos os representantes de todos os órgãos de soberania. Desde já não temos a pretensão de criar quintais. Pretendemos fazer de São Tomé e Príncipe um quintal único.”, afirma
Receio de fraude
Vila Nova acusa o MLSTP de "não ter medida para atingir o seu fim” e diz que se os seus adversários políticos "tiverem que fazer fraude, vão fazer”. Segundo o candidato da oposição, o MLSTP já está a anunciar que já ganhou a eleição. "Como é que ganham [sem que o povo os escolha]? Tem que ser com malandrice. É por isso que cada um de nós vai ter de estar atento, não será só os membros da mesa”, diz.
O candidato apoiado pelo maior partido da oposição, ADI, já percorreu os distritos de Lembá Me-Zochi e Canta-Galo na busca por votos. Villa Nova diz estar seguro no poder da sua mensagem política. "Penso que fiz passar uma mensagem com maior fluidez, que chega mais facilmente ao eleitorado”, afirma.
Confiança no apoio de outros representantes
No entanto, o segundo candidato mais votado na primeira volta das presidenciais, Pósser da Costa, diz que para o segundo turno está a conquistar a confiança de uma grande maioria do povo. O candidato também tem recebido apoio de vários partidos políticos na reta final. Ele acredita que este suporte seja uma prova de que o povo são-tomense acredita em si.
O candidato do MLSTP obteve 20,7% dos votos. "Meu lema é harmonia e progresso. Harmonia para mim é não apenas coesão social, mas, sobretudo, coesão entre os diferentes órgãos de soberania.”
Ao eleitorado, Pósser da Costa disse que o seu perfil lhe dá vantagens em relação ao adversário. "Os são-tomenses honestos reconhecem que eu sou um cidadão verdadeiro, um patriota e nacionalista que sempre esteve aqui. Eu sou aquele que não foge à justiça. Se errei, submeto-me [ao tribunal]”, argumenta.
Região Autónoma do Príncipe, Canta- Galo, Lembá, Me Zochi são os distritos que Pósser da Costa já percorreu na caça ao voto.
O candidato do MLSTP apela por "calma e serenidade” para o final do processo eleitoral. "Não estamos numa batalha de vida ou morte. Estamos a ser protagonistas de um ato democrático”, relembra.
Ele também ressalta que emitir certas opiniões e afirmações antes do resultado ser divulgado é "prova evidente de incitação à violência e ao ódio”. Ele ainda afirma que sua candidatura "não saiu à rua a fazer qualquer tipo de protesto na primeira volta”, em referência aos protestos realizados por militantes da ADI.