Membros de assembleias de voto ameaçados em Xai-Xai
9 de outubro de 2018A cabeça de lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) para a cidade de Xai-Xai, Judite Sitoe, diz que, durante a formação dos membros das mesas das assembleias de voto para as autárquicas de 10 de outubro, houve formadores a ameaçar os jovens indicados pelos partidos da oposição.
Os formadores, que também são professores nas escolas, teriam ameaçado reprovar os jovens, seus alunos, se eles comparecessem às mesas de voto no dia das autárquicas. "Como são estudantes e os professores é que são formadores, quando encontram um estudante, ameaçam: é bom você não vir no dia 10 para fiscalizar, porque se fizer isso vai chumbar", conta Judite Sitoe.
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) corrobora a denúncia. De acordo com o diretor de campanha do partido, Baptista Muba, as ameaças começaram quando os membros das mesas das assembleias de voto (MMVs) revelaram os partidos que os tinham indicado.
"A partir daí o tratamento foi outro", conta. "Os formadores ameaçavam-nos, diziam: se vocês se fazem presentes na RENAMO, vocês vão perder emprego e não vão poder ter mais emprego para os que ainda não têm e estamos a envidar esforços no sentido de ter a solução disso".
Contactado pela DW África, o diretor do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) em Gaza, Mário Cossana, disse não ter conhecimento do assunto.
Segundo os opositores, os formadores provinciais teriam supostamente ligações à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Mas o partido no poder diz que "é um assunto do STAE" e que o partido indicou os seus MMVs como está previsto na lei eleitoral.
Oposição pede justiça
Mais de 2.300 MMVs vão estar nas mesas de voto na província de Gaza na quarta-feira (10.10), dia das eleições autárquicas. A oposição espera que a votação corra melhor do que a campanha eleitoral, que ficou marcada por episódios de violência.
Judite Sitoe, do MDM, culpa o partido no poder. "Um dos [nossos] membros foi espancado. O delegado da cidade estava ao meu lado, conseguiram atingi-lo, eu tenho imagens. Neste momento está hospitalizado, tem gesso, teve uma fratura no braço, e, em quase todos os postos administrativos, não faltaram provocações da FRELIMO", critica. Baptista Muba, diretor de campanha da RENAMO, tem queixas semelhante: "A FRELIMO não nos dava espaço para trabalhar."
A oposição pede que se faça justiça. Mas o secretário de mobilização da FRELIMO, Almeida Guelume, refuta as acusações. "Nós pautamos pela campanha pacífica. De forma muito isolada, acompanhámos dois movimentos não protagonizados pelos nossos membros, mas pelos membros de outros partidos. Os nossos membros não participam nesse processo da violência", diz.
Estes casos de violência verificados durante a campanha eleitoral, em Gaza, foram denunciados à Polícia da República de Moçambique (PRM).