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Merkel elogia Níger por esforços contra imigração ilegal

Fiacre Ndayiragije | rl | Reuters
16 de agosto de 2018

A imigração ilegal foi o tema central do encontro desta quarta-feira entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, que mostraram vontade de continuar a trabalhar juntos nesta luta.

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Mahamadou Issoufou foi recebido por Angela Merkel no castelo de MesebergFoto: Reuters/F. Bensch

Sendo um importante país de trânsito para pessoas de toda a África Ocidental, o Níger tem estado a tentar travar a imigração ilegal e o tráfico de refugiados. Até à data, é o único país africano que aceitou a presença de um centro de refugiados no seu território.

Na cidade alemã de Meseberg, o Presidente do Níger pediu mais ajuda europeia em áreas como a educação, a segurança, a saúde e o crescimento populacional. "As soluções dos problemas que conduzem à imigração ilegal estão, obviamente, ligadas à criação de oportunidades de emprego, especialmente para os jovens", lembrou Mahamadou Issoufou.

Mas para isso é preciso um investimento significativo, não apenas na agricultura, mas também na indústria. "África precisa de uma mobilização significativa de recursos, não só internos, mas também de diferentes diásporas. Investimento estrangeiro direto nos diferentes países africanos, particularmente no Sahel", defendeu o chefe de Estado.

Mais ajuda da Alemanha

A chanceler alemã ouviu, reconheceu e elogiou os esforços do país e prometeu mais ajuda, tanto em iniciativas que ajudem ao desenvolvimento das regiões como na luta contra o terrorismo. No que toca ao desenvolvimento, as doações já duplicaram, mas é preciso criar oportunidades, admitiu Angela Merkel.

Merkel elogia Níger por esforços contra imigração ilegal

"Só seremos bem sucedidos se oferecermos simultaneamente às pessoas perspectivas de desenvolvimento da sua própria economia e educação para a próxima geração. É por isso que essa luta contra a imigração ilegal deve ser acompanhada de oportunidades de educação para as pessoas nos países afetados", sublinhou a chanceler.

Durante a sua viagem ao continente africano em outubro de 2016, Angela Merkel já tinha prometido 27 milhões de euros de ajuda ao Níger, o segundo país mais pobre do mundo. Também a União Europeia (UE) prometeu mais de 100 mil milhões de euros de auxílio até 2020.

De Agadez rumo à Europa

A cidade de Agadez, no norte do Níger, é considerada um eixo central no caminho dos migrantes e refugiados que se dirigem ao Mediterrâneo para chegar depois à Europa. Segundo números da Organização Internacional de Migrações (OMI), cerca de 333.000 migrantes deixaram o Níger só em 2016. Especialistas dizem que dos muitos refugiados que chegam à Líbia, 90% passaram por Agadez.

Uma realidade também confirmada pelo habitante Adama. "Já existem mais de 2.000 sul-sudaneses aqui em Agadez a aguardar asilo na Europa, mas a resposta tarda a chegar. Há igualmente pessoas que foram recusadas na Argélia e na Líbia. São muitos para o povo de Agadez, que teme pela sua segurança", conta.

Devido aos esforços do Governo do Níger, desde 2016, a migração ilegal registou uma redução de mais de 90%, frisou o Presidente Mahamadou Issoufou. Mas os desafios continuam, diz o analista político Ahmadou Hassane Boubakar. "O Níger é um membro da região da CEDEAO, da qual faz parte a livre circulação de bens e pessoas. É difícil controlar os movimentos dos africanos de países da região da CEDEAO e o Níger é um país enorme, o que também complica o controlo das fronteiras", lembra.