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Merkel em África para reduzir pressão migratória

Dagmar Engel | Reuters | cvt
10 de outubro de 2016

Três dias de viagem, três países: A chanceler alemã está a fazer um périplo pelo Mali, Níger e Etiópia. No domingo esteve em Bamako - o Mali é um dos 10 principais países de origem dos migrantes que chegam a Itália.

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Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

No aeroporto de Bamako, a capital do Mali, foi colocado um longo tapete vermelho, com cerca de 70 metros, para receber a chanceler alemã. Soldados tocam o hino nacional da Alemanha e, em redor do tapete, muitos estendem a mão a Angela Merkel. É a primeira vez que um chefe de Governo alemão visita o país.

O Mali pertence à esfera de influência francesa em África, que se alastra ao sistema de ensino e à administração. O francês é a língua oficial do país, falada por cerca de 20 por cento dos malianos. Mas a França terá ido além dos seus limites nas operações militares no norte do Mali após a retirada dos combatentes fundamentalistas islâmicos, há quatro anos, e tem precisado de apoio dos parceiros europeus na região.

540 soldados do Exército alemão estão em Gao, no norte do país, integrados na missão de paz das Nações Unidas no Mali (MINUSMA). E há três anos que os europeus treinam soldados malianos. Em Bamako, a chanceler alemã falou sobre os planos para a participação alemã no processo de pacificação do Mali.

Kanzlerin Merkel in Afrika Mali
Chanceler alemã, Angela Merkel, e Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, em BamakoFoto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

"O desafio agora é fazer com que a formação do Exército maliano seja sustentável e contribuir para que os soldados malianos se sintam parte de um único exército de um país", afirmou Angela Merkel. "Não se pode trabalhar uns contra os outros."

A chanceler refere-se ao que a União Europeia pretende alcançar com as suas parcerias relacionadas com a migração: Uma mudança fundamental na cooperação para o desenvolvimento, que espera dos países terceiros que assumam maior responsabilidade na resolução dos problemas, e mais responsabilidade. Pela primeira vez, reconhece-se que a falta de cooperação pode ter consequências negativas.

Emprego e formação, em vez de migração

A situação no norte do Mali é considerada insatisfatória e, sem a presença das forças internacionais, seria ainda pior. O Mali é um dos países mais pobres do mundo. 6.500 malianos fugiram para a Europa em 2015 - um número reduzido tendo em conta as centenas de milhares de pedidos de asilo de migrantes sírios, afegãos ou iraquianos registados no continente europeu no ano passado. Mas o Mali é um país de trânsito para o tráfico de droga e de pessoas, lembrou Merkel. Por isso, a Alemanha tem "um interesse fundamental na estabilização do país."

Merkel in Mali OL - MP3-Mono

O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, assegura que o seu país ajudará a reduzir o número elevado de refugiados que vão para a Europa. "Queremos que os nossos jovens fiquem aqui e não morram afogados no Mediterrâneo", afirmou depois de um encontro com a chanceler alemã.

O apoio alemão deverá focar a expansão da agricultura sustentável, a reconstrução e a expansão da rede de estradas no norte do país - que não deve apenas melhorar a infraestrutura, mas também integrar os malianos na construção das suas próprias estradas e, portanto, do seu próprio futuro. Haverá também uma aposta na educação: "Creio que é muito importante que os países africanos não percam os seus melhores cérebros", afirmou Merkel em Bamako.

Isto aconteceria a longo prazo – ao longo dos próximos 20 a 30 anos - e seria a única forma de reduzir a pressão migratória sobre a Europa.

O Mali foi a primeira paragem da chanceler alemã em África, que também passará pelo Níger, na segunda-feira (10.10). No dia seguinte, Merkel irá até à Etiópia, onde o Governo declarou o estado de emergência, após semanas de protestos anti-Governo, que provocaram a morte a dezenas de pessoas.

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