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Militares lutam contra inimigo desconhecido na RD Congo

Philipp Sandner / gcs12 de dezembro de 2014

Nos últimos três meses, mais de 250 pessoas morreram em ataques no leste da República Democrática do Congo. A MONUSCO promete endurecer a resposta. Porém, não se sabe ao certo quem são os atacantes.

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Foto: Lionel Healing/AFP/Getty Images

Desconhecidos, armados com machetes, atacaram várias aldeias perto da cidade de Beni, na província de Kivu Norte, no nordeste da República Democrática do Congo (RDC). 50 pessoas morreram nestes ataques, no fim-de-semana passado.

Um dos sobreviventes, que pediu para não ser identificado, contou à DW África que os atacantes pegaram fogo à sua aldeia, Ahili, no sábado (06.12.2014). "Alguns dos corpos ficaram reduzidos a cinzas. Quem sobreviveu, fugiu. As pessoas pensam que amanhã lhes pode calhar a eles. Eu próprio não sei o que será de mim amanhã", disse.

Estes foram os últimos de uma série de ataques na região, que ocorrem desde outubro. Estima-se que já morreram mais de 250 pessoas. Mas ninguém sabe ao certo quem são os atacantes. Suspeita-se apenas que, por trás dos ataques, estejam as ADF-NALU (Forças Democráticas Aliadas - Exército Nacional para a Libertação do Uganda) e os seus aliados.

O grupo rebelde, que se opõe ao Presidente ugandês Yoweri Museveni, procurou refúgio no leste da RDC em 1995. Observadores acreditam que as ADF-NALU estão a colaborar com outros grupos militantes islamitas, como a milícia somali Al-Shabab.

Flüchtlinge Kongo
População é obrigada a fugir com receio de novos ataquesFoto: DW/John Kanyunyu

Missão da ONU promete endurecer resposta

No início do ano, a missão das Nações Unidas MONUSCO anunciou ter derrotado as ADF-NALU. Mas, em outubro, o chefe da missão, Martin Kobler, admitiu que o grupo rebelde foi apenas "isolado".

"Há grupos dissidentes. Qualquer um deles pode levar a cabo massacres", afirmou Kobler.

O chefe da missão das Nações Unidas prometeu endurecer a luta contra os rebeldes, em conjunto com o exército congolês. No entanto, não se sabendo ao certo quem é o inimigo, a tarefa dos militares torna-se mais complicada.

É preciso saber identidade dos rebeldes

Em entrevista ao serviço em francês da DW África, o deputado congolês Claudel Lubaya perguntou: "Se é um grupo ugandês, por que nunca atacaram o Estado ugandês, mas apenas as instituições congolesas e, em particular, a população congolesa?"

O exército congolês e a MONUSCO estão perante um cenário nebuloso, após o êxito inicial na luta contra o M23, um dos grupos rebeldes mais poderosos na região. Não há apenas dissidentes das ADF-NALU no terreno, há também várias outras milícias, algumas delas oriundas de países vizinhos. Além disso, segundo a MONUSCO, há ainda cerca de 50 grupos rebeldes congoleses, a que se costuma chamar apenas de Mai-Mai.

[No title]

Segundo Leonard Santedi, secretário-geral da conferência episcopal católica no Congo, "a situação é demasiado complexa para dizer, sem mais, que se trata das ADF-NALU." Santedi pede, por isso, ao Governo em Kinshasa uma investigação rigorosa.