MP pede 30 dias de prisão para Rafael Marques
25 de maio de 2015O Ministério Público angolano pediu esta segunda-feira (25.05) 30 dias de prisão para o jornalista e ativista Rafael Marques. Segundo avançou o advogado do arguido, David Mendes, o Ministério Público entende que não há provas das acusações feitas no livro "Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola".
Esta é uma posição inesperada tendo em conta que, na passada quinta-feira (21.05), as partes envolvidas no processo alcançaram um entendimento para pôr um ponto final no caso. David Mendes sublinhou que Rafael Marques se comprometeu a retirar o livro de circulação, como prova de "boa-fé" no processo. Os assistentes desistiram do pedido criminal e cível, "aceitando as explicações do Rafael" e que o ativista "não tinha intenção de os denegrir". Na sequência desse entendimento, Marques e os representantes dos generais prescindiram de levar as suas testemunhas ao julgamento.
"Foi uma cilada"
À saída do tribunal, Marques disse estar extremamente chocado com a posição do Ministério Público.
"Acho isso extremamente ofensivo, porque eu trouxe as minhas testemunhas, mais de oito, cinco vezes a Luanda, com muito custo. Eu desisti de apresentar as testemunhas em tribunal porque acreditei na palavra dos generais e do Estado angolano", disse. "Lutarei para reparar essa falha da minha parte, ter desistido das minhas testemunhas."
O jornalista acredita agora que o entendimento alcançado terá sido uma "cilada" e deixa um aviso ao regime do Presidente José Eduardo dos Santos: "O Estado angolano há-de conhecer-me de uma forma muito mais dura", afirmou.
O advogado de Rafael Marques, David Mendes, assegurou, por seu lado, que "a qualquer tipo de condenação, nós vamos interpor recurso. Não houve intenção criminosa, por parte do Rafael, de imputar factos que não eram verdadeiros."
A sentença deste caso, sobre alegadas violações dos direitos humanos nas províncias diamantíferas das Lundas, deverá ser lida na quinta-feira (28.05), no Tribunal Provincial de Luanda. A DW África procurou, sem sucesso, ouvir os advogados dos generais.