Fabricantes de vacinas querem ajudar África
30 de maio de 2021África está a lutar para vacinar a sua população. Menos de 2% dos 60 milhões de habitantes da África do Sul receberam até agora uma dose sequer de uma vacina contra o coronavírus, por exemplo.
Durante uma visita conjunta ao país africano, o Presidente francês Emmanuel Macron e o Ministro alemão da Saúde Jens Spahn prometeram ajudar a África do Sul a desenvolver as suas próprias capacidades de produção de vacinas, tendo Spahn anunciado que a Alemanha investiria 50 milhões de euros na iniciativa.
Em entrevista à DW, Spahn ressaltou que 99% das vacinas usadas em África são importadas e reconheceu que o aumento da produção de vacinas no continente africanos levaria meses.
Contudo, o ministro alemão da saúde disse que os produtores de vacinas no Ocidente estavam prontos a partilhar os seus conhecimentos e tecnologia com os seus homólogos sul-africanos.
"E é por isso que contamos ,de facto, com uma parceria voluntária entre detentores de patentes, empresas como a BioNTech, a CureVac da Alemanha, outras que estão realmente dispostas", disse Spahn. "E temos empresas aqui na África do Sul, como a Espin ou a Biotech, que de facto já satisfazem os padrões mundiais", revelou.
Porque Berlim é contra a renúncia às patentes de vacinas?
França e a África do Sul, entre outros países, pressionaram para levantar as patentes de vacinas, mas Berlim opõe-se a esta medida. Na entrevista à DW, Spahn disse que "a patente, por si só, não faz a vacina".
"A produção de vacinas é uma das coisas mais complexas do mundo. E para isso, é realmente necessário saber como se faz", disse ele. "E, para isso, a cooperação é realmente essencial, é crucial", sublinhou.
Que tal doar vacinas?
O ministro alemão da Saúde também comentou ainda a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) aos países mais ricos para doarem vacinas aos países mais pobres, em vez de vacinarem as crianças nos seus países de origem. Espera-se que a Alemanha comece a vacinar as crianças no próximo mês.
"Estamos a doar doses, por exemplo, juntamente com a França", disse ele. "Mas uma coisa também é importante, se quiser ter a aceitação do seu próprio povo para doações e para ajudar os outros, é importante corrigir a situação também no seu país de origem. Então, fazemos ambos simultaneamente", argumentou.
Restrições de viagem
Quando perguntado sobre as restrições de viagem da Alemanha a pessoas vindas da África do Sul, o ministro disse que não permaneceriam em vigor "por mais tempo do que o necessário".
"Mas, ao mesmo tempo, só queremos ser cautelosos, especialmente neste ponto da nossa campanha de vacinação. Na realidade, não precisamos de uma nova variante a tomar o controlo na Alemanha. Portanto, depende muito da situação aqui na África do Sul e do desenvolvimento da nossa campanha de vacinação [na Alemanha]", defendeu.
Comentando o atraso no lançamento da vacina no país africano, Spahn admitiu que havia "ainda muito trabalho a fazer".
"Na maioria dos países africanos menos de 1% da população está vacinada e não há, no momento, chance de mudanças nas próximas semanas," destacou o ministro alemão. "Isso mostra que ainda há muito trabalho a ser feito," rematou.
"Ninguém está seguro até que todos estejamos seguros," disse. "Esse realmente é o parâmetro importante desta pandemia. Só podemos estar seguros na Alemanha e na Europa se este vírus e as variantes que possa estar a desenvolver não retornem de outros países. Então, realmente precisamos vacinar o mundo," concluiu Jens Spahn.