"Israel não vai reocupar a Faixa de Gaza", garante ministro
8 de novembro de 2023O ministro dos Assuntos Estratégicos israelita, Ron Dermer, garantiu esta terça-feira (07.11) que "Israel não vai reocupar a Faixa de Gaza", numa entrevista ao canal norte-americano MSNBC.
"Nós retirámo-nos completamente de Gaza há 17 anos e recebemos de volta um Estado terrorista. Não podemos repetir isto, é óbvio. Assim que o Hamas deixar de estar no poder e as infraestruturas forem desmanteladas, Israel deve ter a responsabilidade geral pela segurança durante um período indefinido", disse, na terça-feira à noite, Dermer, que tem assento como observador no gabinete de guerra de Israel.
Questionado sobre a forma como esta responsabilidade será organizada, Dermer reconheceu que a questão permanece em aberto, mas disse que "não será uma ocupação".
Os comentários deste antigo embaixador israelita nos Estados Unidos, próximo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, surgem depois de Washington ter afirmado que se opõe a uma nova ocupação a longo prazo de Gaza por parte de Israel. Esta reação surge na sequência das declarações de Netanyahu, na segunda-feira, de acordo com as quais pretende que Israel assuma "a responsabilidade geral pela segurança" do território após a guerra.
Dúvidas sobre "o dia seguinte"
"Estamos em discussões ativas com os nossos homólogos israelitas sobre como deverá ser a Faixa de Gaza após o conflito. O Presidente, Joe Biden, mantém a sua posição de que a reocupação pelas forças israelitas não é a coisa certa a fazer", disse o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, numa conferência de imprensa. "Há uma coisa sobre a qual não há absolutamente nenhuma dúvida: o Hamas não pode fazer parte da equação", acrescentou.
O porta-voz do Hamas, Abdel Latif al-Qanou, reagiu na plataforma de mensagens Telegram a estas declarações, afirmando que "o que Kirby disse sobre o futuro de Gaza depois do Hamas é uma fantasia. O nosso povo está em simbiose com a resistência e só ele decidirá o seu futuro".
Dermer admitiu que Israel terá de enfrentar a dificuldade do "dia seguinte", depois da eliminação do Hamas. "Quem é que vai gerir Gaza? Se for uma força palestiniana que governe Gaza para o bem-estar dos habitantes e sem querer destruir Israel, então podemos falar", afirmou.
Israel declarou guerra ao Hamas há exatamente um mês, na sequência de um ataque do grupo islamita que causou mais de 1.400 mortos e mais de 240 reféns, enquanto a ofensiva israelita na Faixa de Gaza causou mais de 10.300 mortos, cerca de 26.000 feridos e 2.450 desaparecidos, a maioria civis.