Missão da ONU no Mali prolongada um ano
30 de junho de 2022Os 15 mil militares e polícias que compõem a força de manutenção de paz da Organização das Nações Unidas no Mali, a Minusma, não vão poder beneficiar do apoio aéreo da operação francesa 'Barkhane', que retirou as tropas do país acusadas por Bamako de espionagem.
A Alemanha posiciona-se como forte substituto no terreno. Berlim acaba de chegar a um acordo com as autoridades malianas para a extensão do período de permanência das suas tropas na missão por mais um ano, até maio de 2023.
Assim, o Governo alemão prevê aumentar o seu efetivo militar no Mali, dos 1.100 para 1.400 soldados.
Para, Ulf Laessing, chefe do programa regional do Sahel na Fundação Konrad Adenauer, a Minusma está enfraquecida porque tem um mandato puramente defensivo e sem meios aéreos para combater o terrorismo.
"Os franceses foram responsáveis pela luta e tinham os seus helicópteros de combate. Estão a levar os seus helicópteros consigo", comenta.
Sem meios?
O analista teme agora que o trabalho da missão da Minusma fique despedido de meios aéreos de combate. "As nações que têm helicópteros e que poderiam ir para o Mali estão ocupadas a assegurar o flanco oriental da NATO na Europa", acrescenta.
A Anna Schmauder, investigadora do Instituto Clingendael, em Haia, nota que a Alemanha ocupa agora uma posição de destaque.
"Desde que o mandato foi prolongado, o Governo alemão forneceu o maior contingente de tropas ocidentais no Mali. Outros estados, como a Suécia e a Grã-Bretanha, dependem da presença das tropas alemãs. Caso a Alemanha se retire, teme-se uma reação em cadeia entre os outros países ocidentais", adverte.
Apesar de presença militar estrangeira no Mali, há um grande risco de colapso, diz Schmauders considerando que o país está em guerra e não há muitos avanços no desarmamento das milícias.
"Cada vez mais, algumas partes do país estão a ficar sob controlo jihadista e o Governo de transição acusa os parceiros internacionais pela situação desastrosa no Mali", lamenta.