Moçambicano recebe Prémio da Paz de Aachen
2 de setembro de 2015Lumbela Azarias Zacarias foi um dos três estudantes que viajou até Aachen para receber pessoalmente, esta terça-feira (01.09), o Prémio da Paz.
O moçambicano está a fazer um doutoramento em Direito Internacional e faz parte de um grupo de estudantes que ajuda refugiados africanos em Oujda, no nordeste de Marrocos, a cerca de 150 quilómetros do enclave espanhol de Melilla.
"Todas estas pessoas tiveram de deixar o seu país. Não há só analfabetos, há também médicos entre eles", diz Zacarias.
Ele e os colegas distribuem alimentos, tendas e lonas de plástico para o abrigo dos refugiados e acompanham-nos ao médico. O apoio só é tolerado pelo Estado marroquino, porque os estudantes trabalham com a Igreja. Segundo o estudante Moçambicano, em Marrocos, os refugiados costumam ser vítimas de ataques racistas e da violência policial.
"As pessoas sofrem em Marrocos. Quem tem a pele mais clara tem mais privilégios do que quem tem a pele mais escura. É dever de cada um de nós fazer alguma coisa para ajudar essa população."
O maior desejo dos estudantes homenageados em Aachen: Que as novas gerações africanas promovam reformas nos seus países de origem para que não haja migrantes em necessidade no futuro.
Prémio para arcebispo e imã da RCA
O grupo de estudantes de Lumbela Azarias Zacarias partilhou o Prémio da Paz de Aachen deb 2015 com o arcebispo Dieudonné Nzapalainga e o imã Kobine Layama, da República Centro-Africana.
Ambos lutam pela reconciliação entre cristãos e muçulmanos, depois de mais de dois anos de conflitos sectários no país. Milhares de pessoas morreram devido aos confrontos envolvendo os ex-rebeldes Séléka (maioritariamente da minoria muçulmana) e as milícias cristãs "anti-balaka".
"Quando deflagrou esta crise, no final de 2012 e início de 2013, o arcebispo abrigou o imã e a família, tal como outros 10 mil refugiados, no seu território. Nasceu aí uma amizade pessoal, e eles desenvolveram uma luta conjunta, que considero ser um grande exemplo para outras pessoas", diz Leila Vannahme, membro da organização do Prémio da Paz.
O imã Kobine Layama diz que a distinção é uma oportunidade para mostrar ao mundo que, mesmo durante uma guerra civil, o compromisso com a paz é possível.
"Este prémio deve fortalecer-nos e motivar-nos a lembrar todos os nossos compatriotas que, na República Centro-Africana, ainda há quem se esforce pela paz."