Moçambique: Autoridades investigam descoberta de sete corpos em Nampula
Sete cadáveres foram encontrados pela população numa mata do povoado de Muarapaz, distrito de Murrupula, a 19 de outubro. Os residentes enterraram as vítimas numa vala comum, com a autorização das autoridades locais.
Um povoado pacato no centro das atenções
O povoado de Muarapaz, no posto administrativo de Chinga, em Murrupula, acordou em alvoroço na sexta-feira, 19 de outubro, na sequência da descoberta de sete corpos, cinco homens e duas mulheres, numa mata. Mas este não é o primeiro caso de exumação de corpos no distrito de Murrupula, que no ano passado foi palco dos confrontos que envolveram antigos guerrilheiros da RENAMO e o Governo.
Vias de acesso precárias
A 23 de outubro, uma equipa constituída pela Procuradoria da República, Serviço Nacional de Investigação Criminal, médicos e jornalistas esteve no local, onde foram exumados os sete corpos. A viagem até ao povoado não foi fácil, devido às más condições das estradas, muitas vezes cobertas de mato. Muarapaz fica a 100 quilómetros de Nampula.
SERNIC recolhe primeiras provas
À chegada a Muarapaz, os investigadores perderam-se por duas vezes nas matas, mesmo com a ajuda de guias, em busca da vala comum. Já no local, os agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) barraram o acesso dos restantes elementos da equipa, para recolherem as primeiras evidências.
Vala comum quase "camuflada"
Dez minutos depois, toda a equipa foi autorizada a aproximar-se da vala comum. Segundo os especialistas, apesar de estar localizada a menos de cinco metros da estrada, a vala poderia passar despercebida, caso chovesse na região. A população local afirma que enterrou os corpos numa vala comum - com autorização das autoridades - para "respeitar a dignidade dos defuntos", desconhecidos na região.
Exumação dos corpos
A exumação dos corpos durou pouco mais de duas horas, com o apoio de alguns populares do povoado de Muarapaz. A vala, com aproximadamente dois metros de profundidade, tinha sido reforçada com ramos, bambu e folhas, com vista a proteger os cadáveres, segundo os relatos dos residentes que presenciaram e participaram na sepultura dos corpos.
Homicídios relacionados com ouro?
Residentes suspeitam que as vítimas terão sido assassinadas e arrastadas para o local. Pedro Mpera, que participou no enterro dos corpos, acredita que a extração artesanal de ouro pode ter sido um dos motivos. Fala em disputas entre cidadãos nacionais e estrangeiros - estes últimos, na maioria, compradores do minério: "Foram os garimpeiros que descobriram as mortes, quando regressavam das minas".
Sinais de agressão
Depois da exumação dos corpos, numa análise preliminar, constatou-se que as vítimas terão sido espancadas e amarradas, mas não apresentavam sinais de golpes, apesar do estado avançado de decomposição de alguns dos cadáveres. Ainda não são conhecidas as causas definitivas das mortes. Os exames continuam a decorrer.
Análises em curso
O procurador Cristóvão Mulieca, que liderou a equipa, prefere não avançar detalhes, até que as autópsias estejam concluídas: "De facto, encontrámos sete corpos e continuamos a fazer o trabalho para averiguarmos e sabermos quais são as causas da morte".
"Factos infundados", diz Polícia de Nampula
A DW contactou o porta-voz da Polícia em Nampula, Zacarias Nacute, que disse não ter conhecimento da situação: "São factos infundados. A instigação à desordem pública constitui um crime. Se a polícia tiver conhecimento de indivíduos que têm proliferado esse tipo de informações, poderão ser responsabilizados", garantiu.