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Moçambique: Cabo Delgado e Sahel partilham mesmos desafios

Lusa
2 de março de 2022

Analista do Instituto de Estudos de Segurança da África do Sul alerta que muitos desafios de segurança existentes no norte de Moçambique são os mesmos enfrentados na região do Sahel.

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Mosambik Ärzte ohne Grenzen in Cabo Delgado
Analista defende que Cabo Delgado precisa desesperadamente de ajuda económica. Na imagem, deslocados em Cabo Delgado na fila para obter águaFoto: Igor G. Barbero/MSF

"Muitos dos desafios que agora emergem em Moçambique também existiram no Mali e na região mais alargada do Sahel", escreveu Liesl Louw-Vaudran num artigo publicado no site do reputado Instituto de Estudos de Segurança da África do Sul.

Entre as semelhanças entre as duas regiões assoladas pelo terrorismo está "a complexidade de intervenções externas diferentes e mal coordenadas, a falta de sinergias entre os agentes humanitários, militares e de construção de paz, e um foco nos destacamentos militares em vez de na raiz das causas".

No texto, o investigador defende que "a necessidade de uma abordagem holística que reconheça a ligação entre segurança, governação e desenvolvimento tem sido demonstrada quer no Sahel, quer em Moçambique", e argumentou que "a África do Sul tem de fazer tudo o que for possível para impedir que o extremismo violento ganhe raízes na região". 

Liesl Louw-Vaudran alerta que "os ataques que destruíram vidas e rendimentos em Cabo Delgado são uma ameaça real para as províncias adjacentes e para os países vizinhos, como Malaui e Tanzânia".

Cabo Delgado, uma região rica em gás natural, tem sido assolada por ataques terroristas nos últimos anos, levando a um adiamento dos investimentos milionários que poderiam mudar a economia moçambicana, uma das mais pobres do mundo.

Infografik Karte Mosambik Gasfelder PT

Província precisa de ajuda económica

"A província precisa desesperadamente de toda a ajuda económica que consiga. Mas a sua imagem como um destino de investimento seguro foi despedaçada; uma crise como a que o Sahel enfrenta seria devastadora para Moçambique e para a região da África Austral", acrescentou a analista, defendendo mais colaboração entre as diferentes intervenções no terreno e uma relação mais estreita entre a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a União Africana (UA).

A província de Cabo Delgado, é rica em gás natural, mas, aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Maláui, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia trabalham em colaboração com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e tropas do Ruanda - que celebraram um acordo bilateral com Moçambique.

O mandato da missão militar da África Austral (SAMIM, na sigla inglesa) consiste no apoio a Moçambique "no combate ao terrorismo e atos de extremismo violento em Cabo Delgado".

Em janeiro foi decidido o "prolongamento da missão por mais três meses", mas prevê-se que vá além disso, porque "o terrorismo não termina em um mês ou um ano e, naturalmente, as atividades contra o terrorismo terão de continuar", disse o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

O estadista tem se desdobrado em contactos internacionais para garantir financiamento que suporte a despesa militar na província dos mais valiosos de projetos de gás natural do país, tendo como base algumas das maiores reservas do mundo.

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