Moçambique: Falsos professores afastados na Zambézia
22 de junho de 2017O diretor provincial de Planos e Finanças da província da Zambézia, Graciano Francisco, considera fraudulenta essa situação em que muitos professores, na sua maioria do nível primário, tiveram que
falsificar certificados de habilitações literárias, passando-se por professores.
Graciano Francisco diz que o número de diplomas falsificados poderá aumentar nos próximos dias, porque os 128 supostos professores foram descobertos em apenas quatro distritos da Zambézia faltando outros 13 distritos por fiscalizar.Segundo o diretor provincial de Planos e Finanças "esses professores foram contratados no princípio deste ano e estão distribuídos pelos distritos de Mulumbo, Milange, Mulevala e Gilé. Eles já tinham começado a auferir os seus salário."
Francisco garante ainda que "os professores que foram detetados já foram suspensos, tal como o pagamento dos seus salários. A maior parte já estava a regularizar a sua situação no Tribunal Administrativo e esperavam pela aprovação para serem incluídos no sistema de pagamento."
Institutos de Formação de Professores acusados pelos supostos professores
Os professores afastados alegam que os certificados falsos foram passados pelos Institutos de Formação de Professores de várias províncias moçambicanas, um deles da Cidade de Quelimane, província da Zambézia.António Bofana, diretor do Instituto de Formação de Professores de Quelimane, descreve a ação com preocupação: "Se houvessem casos em que o certificado tivesse sido passado pela instituição nós poderíamos ter notado, mas desses casos nenhum certificado foi falsificado pela instituição. São pessoas de má fé que estão a promover esta situação e devem ser tomadas medidas para que se desencoraje as pessoas a prosseguirem com esta prática."
O diretor das Finanças tem apelado para que seja efetuada uma fiscalização financeira cerrada nos setores públicos para evitar que haja mais dirigentes a desviar fundos do erário público: "Estamos a passar um pente fino, temos que fazer triagem de todos professores contratados este ano e outros para apurarmos se os documentos são verdadeiros. Alguns documentos não foram passados nesta provincia, deve haver cruzamento de informação."
Momento de calcular prejuízos financeirosO Porta-voz do Comando Provincial da Policia da República de Moçambique na Zambézia, Miguel Caetano, diz que desde abril nenhum outro professor foi detido: "Tivemos dez professores detidos no mês de abril a mando do tribunal por que já havia um processo que corria sobre eles sobre ordens da Direção Provincial de Educação."
Entretanto ainda não foi calculado o montante já pago a esses professores, diz Graciano Francisco: "Quero confessar que nós começamos a pagar os professores no mês de março deste ano, estamos a fazer um levantamento para apurarmos o valor real que estes professores receberam."
Anualmente na província da Zambézia são formados dois mil professores do ensino primário e este número não cobre a totalidade das escolas existentes. Daí a contratação de professores provenientes das províncias do centro, norte e da província de Inhambane no sul do país.