Moçambique atingido pela seca e fortes chuvas
15 de janeiro de 2016
Dados oficiais indicam que as chuvas já provocaram 17 mortos na presente época iniciada em outubro último e que se prolonga até março próximo.
O diretor do Centro Operativo Nacional de Emergência, Maurício Chirinda, revelou, igualmente, que as chuvas afetaram 19 mil pessoas e destruiram 3.500 casas.
"A maior parte dos óbitos é o resultado de descargas atmosféricas. Também tivemos algumas vítimas por arrastamento pelas águas, com as enchentes, e também afogamentos."
As chuvas no norte do país chegam a atingir 75 milimetros em apenas 24 horas.
Ligações interrompidas
O rasto de destruição inclui cortes no abastecimento e no fornecimento de energia elétrica, e ainda inacessibilidade de algumas vias de acesso.
Ainda esta sexta-feira (15.01.) ficou interrompida a ligação por estrada entre a capital da província nortenha de Cabo Delgado, Pemba, e o distrito de Metuge.
No sul do país, todas as províncias estão assoladas pela seca. A porta-voz da direção de recursos hídricos, Rita Namucho, revelou que os caudais dos principais rios nesta região estão com os níveis muito baixos e exemplifica: "Na zona de Combumune, um dos nossos principais pontos de monitoria, pode atravessar-se de uma para a outra margem a pé, não é normal para um período chuvoso como janeiro."
Devido à falta de água e de pasto, as províncias do sul do país estão a registar a morte de gado, tendo sido contabilizadas só em dois distritos da província de Maputo mais de 200 unidades. O Governo tem apelado as populações para produzirem forragem a apartir de capim com vista a fazer face a insuficiência de pasto.
Ainda para mitigar os efeitos da seca, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades está a proceder a distribuição de sementes e de água potável e a aconselhar as populações a realizarem novas culturas em zonas baixas.
O delegado daquele órgão na província de Maputo, Rocha Nuvunga, revelou que muitas famílias que dependem da agricultura perderam todas as culturas e alertou que a situação poderá piorar.
Nuvunga explica que "em relação ao abastecimento de água, é uma ação que está condicionada por falta de recursos financeiros para a utilização do auto-tanque."
Ajuda internacional
Na província de Inhambane, o Governo local e parceiros internacionais procederam na quinta-feira (14.01.) ao lançamento de um programa para fazer face a seca. O programa vai beneficiar cerca de 75 mil pessoas e conta com um financiamento de quatro milhões de libras disponibilizados pelo Governo britânico.
O montante será empregue na aquisição de insumos agrícolas e na reabilitação de cerca de 100 fontes de água, sendo implementado por quatro organizações não governamentais nomeadamente a OXFAM, Save the Children, Concern e Care International.
A seca que atinge o sul de Moçambique resulta do fenómeno “el nino” segundo Rita Namucho: "Quando olhamos para os nossos dados históricos, verificamos que pode não ser um único ano de seca, essa situação pode ser mais preocupante."