Moçambique precisa de 44,3 milhões de euros para reflorestar
10 de abril de 2019Em Moçambique, uma conferência internacional sobre mudanças climáticas defendeu a preservação dos mangais e florestas para prevenir fenómenos extremos da natureza, como o ciclone Idai, que atingiu seriamente nas últimas semanas Moçambique, Malawi e Zimbabwe.
A conferência que teve início esta quarta-feira (10.04.), em Maputo, reúne vários peritos da Plataforma de Monitoria, Desmatamento e Gestão Florestal que integra 166 países.
Causas do ciclone Idai
O Diretor Nacional Adjunto de Florestas no Ministério moçambicano da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (Mitarde), Imed Falume, não tem dúvidas quanto às causas do ciclone Idai, que atingiu seriamente nas últimas semanas o centro do país, em particular a cidade da Beira.
"Olhando para aquilo que aconteceu na Beira é consequência direta de mudanças climáticas”, destacou.
A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) descreveu esta calamidade natural como um dos piores desastres climáticos, relacionado com ciclones tropicais, jamais registado no hemisfério sul.Para a chefe da Global Forest Observations Iniciative , Elen Backer, como forma de prevenir estas mudanças climáticas é necessário "reduzir a emissão de gases. Para Global Forest Observations Iniciative está clara de que se continuarmos com o atual nível de desflorestamento, o mundo vai assistir a mudanças jamais vistas antes. Precisamos de preservar os mangais e florestas para contrariar o fenómeno das mudanças climáticas".
Existência de um banco de dados
Por seu turno, o líder da equipa de avaliação de recursos florestais globais no Programa das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, Anse Pecarine, defendeu o abate sustentável da madeira e exploração da floresta, o que implica a existência de uma base de dados e não só.
"Requer planificação. Uma planificação e gestão que respeite todos os aspectos de sustentabilidade, incluindo o meio ambiente”, disse.
A principal causa do desmatamento em Moçambique é a crescente demanda da terra para a prática da agricultura, assim como a exploração florestal, muitas vezes ilegal, para fins madeireiros, de exportação, ou de combustíveis lenhosos.
Mudanças climáticasSegundo o Diretor Nacional Ajunto de Florestas, Imed Falume, Moçambique dispõe de uma política nacional em que a questão das mudanças climáticas está prevista como um dos pilares.
Falume disse ainda que para implementar o programa de reflorestamento em curso no país, Moçambique necessita de cerca de 50 milhões de dólares, o equivalente a 44,3 milhões de euros.
"Neste momento, estamos com uma área de cerca de quatro mil hectares reflorestada no país. E para o caso concreto das zonas onde nós sabemos que são mais suscetíveis, essa ação vai incidir muito mais. Vamos reflorestar a maior área possível, usando para isso espécies de rápido crescimento".
Por seu turno, a Secretária Permanente do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Sheila Santana, anunciou que Moçambique está a desenvolver um sistema nacional de monitoria florestal e procedimentos de medição, relatos e verificação para mitigar os efeitos extremos de gases com efeito de estufa provocados pelo homem.