Queixas dos recenseadores em Moçambique
4 de agosto de 2017As autoridades municipais de Quelimane, na província da Zambézia, em Moçambique, acusaram esta quinta-feira (03.08), em conferência de imprensa, a delegação provincial do Instituto Nacional de Estatística da Zambézia de gerir mal o recenseamento geral em curso em Moçambique.
Abraão Luís, diretor do gabinete de recenseamento, no município de Quelimane, confirma que muitas zonas ainda não foram abrangidas pelo recenseamento.
Segundo Abraão Luís, "alguns materiais (kits de recenseamento) que recebemos chegaram violados e faltam boletins, etiquetas, bonés e camisolas. Ainda não obtivemos uma resposta no sentido da reposição desse material".
Quanto ao material em falta nos kits, o delegado do Instituto Nacional de Estatística (INE) da Zambézia, Armando Terenha reconhece ser "provável que ao longo do trajeto alguém tenha desviado esse material".
Números aquém das expetativas
A província da Zambézia espera recensear perto de cinco milhões de habitantes em mais de 13 mil áreas. Porém, desde 01 de agosto, altura em que teve início o recenseamento da população, apenas foram recenseados cerca de 1500 agregados familiares, número que está muito abaixo das expetativas, segundo as autoridades.
Abraão Luís explica que a atual gestão do processo pode trazer prejuízos: "se essa forma de gerir o processo continuar como até agora, vamos ter áreas que vão ficar sem ser recenseadas".
Para o diretor do gabinete de recenseamento, deve-se ter em conta cada zona. "Os gestores do processo não calcularam os custos e nem fizeram o planeamento da melhor forma. Sentaram-se nos gabinetes, fizeram e aprovaram planos sem terem em conta a realidade do terreno".
Apelo aos habitantes da Zambézia
Por outro lado, a recenseadora Dizauna Abadala, abordada pela DW esta sexta-feira (04.08), diz que o processo está a decorrer da melhor forma, embora algumas famílias não queiram ser recenseadas. "Recenseei apenas 30 pessoas e continuo à procura de outras. Muitas delas trancam as portas das suas casas quando lhes peço licença para entrar", conta a recenseadora à DW África.
Entretanto, as autoridades na província da Zambézia, continuam a apelar à população para que colabore com os recenseadores para que o país tenha dados reais da densidade populacional e habitacional.
Falta organização
Abraão Luís explica que a atual gestão do processo pode trazer prejuízos: "se essa forma de gerir o processo continuar como até agora, vamos ter áreas que vão ficar sem ser recenseadas".
Para o diretor do gabinete de recenseamento, deve-se ter em conta cada zona. "Os gestores do processo não calcularam os custos e nem fizeram o planeamento da melhor forma. Sentaram-se nos gabinetes, fizeram e aprovaram planos sem terem em conta a realidade do terreno".Também a logística está a falhar. "Por exemplo, não se sabe quanto é que vão ganhar os guias. Já perguntamos ao gabinete provincial e aguardamos uma resposta", adianta Abraão Luís, acrescentando que "não temos alimentação nem comunicação e, quanto aos transportes, estamos a trabalhar com muitos riscos", o que acredita complicar o processo.
Necessários meios de transporte
O diretor do gabinete de recenseamento, por outro lado, mostrou-se indignado com a falta de transportes para a circulação dos supervisores e controladores. "Descobrimos que há um programa de distribuição de meios de transporte, mas fomos ver no mapa e constatamos que Quelimane não consta na lista dos distritos beneficiados e, como é evidente, estranhamos isso", afirma Abraão Luís.
O delegado do INE da Zambézia, Armando Terenha, reconhece a existência dessas dificuldades e garante que pelo menos alguns meios serão postos à disposição do processo na região.
Terenha refere que "estamos com dificuldades de fundos, mas a cidade de Quelimane vai receber bicicletas", a começar pela sua distribuição nos distritos. No entanto, acrescenta que "a cidade de Quelimane goza de uma vantagem: não existem agregados familiares dispersos".