Moçambique: Início do XI Congresso da FRELIMO
26 de setembro de 2017Mais de dois mil e duzentos delegados ao Congresso vão discutir durante seis dias um total de cinco teses, entre as quais "Unidade Nacional, Paz, Democracia e Reconciliação Nacional", "O Desenvolvimento Económico e Social", e "O Estado, Ética Governativa e Descentralização".
No seu discurso de abertura, o presidente do partido, Filipe Nyusi, disse que a prioridade do país é a paz, a intensificação do diálogo, a unidade nacional e o desenvolvimento equilibrado de Moçambique.
Nyusi indicou ainda que o país deve estar focalizado na defesa dos interesses nacionais acima dos interesses de grupos e na consolidação do estado de direito.
Num discurso que durou cerca de uma hora, o Presidente do partido no poder lançou um vigoroso ataque contra a corrupção, afirmando que o seu combate é o mais urgente e vital de todos os desafios no país: "Não pode haver tolerância com a ilegalidade, o suborno, a extorsão e todos os outros desmandos. A FRELIMO não pode permitir que se fechem os olhos a esses abusos".
Relativamente à descentralização da administração do Estado, um tema que considerou crucial na jovem democracia moçambicana, Nyusi disse que a sua implementação constitui um dos mecanismos indispensáveis do estado de direito e de justiça social no país. Sublinhou, no entanto, que não deve haver conflito entre descentralização e a preservação da unidade nacional.
O Congresso vai ainda eleger os órgãos de direção do partido e desenhar estratégias para as eleições autárquicas do próximo ano e gerais de 2019.
Filipe Nyusi aprovado como candidato para as eleições de 2019
A Comissão Política já veio a público anunciar que aprovou por unanimidade e aclamação a indicação de Filipe Nyusi para a sua sucessão no cargo de Presidente da FRELIMO, posição defendida, igualmente, pelas delegações provinciais ao Congresso e pela Associação dos veteranos da luta de Libertação Nacional.
Fernando Faustino, secretário-geral desta organização de massas, considerada a mais interventiva dentro do partido, afirma que "a CLLIN (Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional), como sempre, está com o camarada presidente Filipe Nyusi". E acrescenta: "Vamos reelegê-lo e, consequentemente, em 2019, é o nosso candidato natural para as próximas eleições".
O Congresso vai ainda aprimorar o programa quinquenal da FRELIMO, e os Estatutos e Programa do Partido, bem como analisar a vida interna da organização, segundo o porta-voz António Niquice.
Ainda de acordo Niquice, "questões como a paz e o aumento da produção e da produtividade estarão igualmente no cerne da agenda".
A situação económica do país é um dos pontos que deve merecer a atenção do Congresso, uma vez que, segundo um dos participantes do encontro, o membro da FRELIMO e presidente da Confederação das Associações Económicas Agostinho Vuma, "a crise financeira já se faz sentir há bastante tempo na economia real". "Isso desafia-nos a todos nós, mas muito em particular a liderança do setor privado e também ao partido que dirige o povo moçambicano", seublinhou.
A propósito da realização deste Congresso, o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, disse no fim de semana a jornalistas na Gorongosa: "Espero que neste Congresso o Presidente da República, como presidente da FRELIMO e como futuro candidato às eleições de 2019 consiga unir os radicais da FRELIMO para o apoiarem naquilo que tem vindo a negociar comigo (a descentralização administrativa do Estado, e o enquadramento dos homens armados da RENAMO na Polícia e no Serviço de Informação e Segurança do Estado, SISE).
O encontro conta com a participação de centenas de convidados, nomeadamente 1200 nacionais e 24 delegações estrangeiras.