Projeto moçambicano promove a educação entre raparigas
29 de agosto de 2022O público alvo do projeto "Ela pertence à escola" são raparigas entre os 10 e os 19 anos, que frequentam ou não o sistema de ensino, e cujo direito à educação está em risco. A iniciativa visa eliminar alguns dos fatores que contribuem para o abandono escolar das raparigas moçambicanas.
"Existem algumas normais sociais de género que prejudicam ou impedem as meninas de frequentarem a escola e continuarem com os estudos até ao nível superior. Essas normas incluem casamentos forçados, casamentos prematuros. Temos também situações de famílias que favorecem o menino em deterimento da rapariga, quando se trata do investimento da educação, e situações de sobrecarga da rapariga com tarefas de casa", explica o diretor do projeto, Arsson Ruben.
Na província de Niassa, o projeto está a ser desenvolvido em três distritos pela Associação Progresso e a United Purpose. Após encontros com as comunidades nas 20 escolas dos distritos de Mandimba e Cuamba, e uma pesquisa prévia, constatou-se o abandono escolar das alunas do 5º ao 7º ano de escolaridade.
Violeta Candeia, gestora do projeto da Associação Progresso, considera essencial um maior acompanhamento das raparigas, de modo a contornar a situação. "Fizemos um mapeamento das alunas da 5ª à 7ª classe, vamos formar um grupo que nós chamamos de monitoria, em que vamos trabalhar com as raparigas na fase inicial para algumas atividades de habilidade para a vida, extracurriculares e também mobilização comunitária. Vamos formar um grupo de interesse à educação para toda a comunidade, para os pais. Vão ter um encontro onde vamos falar do valor da educação da rapariga", explica.
Distância entre as comunidades e as escolas
O projeto procura ainda dar resposta ao problema da distância entre as comunidades e os estabelecimentos de ensino. "A nível da direção provincial de educação, estivemos a trabalhar com os colegas de ensino à distância para fazer o mapeamento das escolas que vão acolher o centro de apoio e aprendizagem para o ensino à distância a partir de 2023", diz a gestora do projeto.
"Vamos introduzi-lo em dez escolas, cinco do distrito de Mandimba e cinco do distrito de Cuamba, porque uma das razões da falta de continuidade da rapariga na escola tem a ver com o facto das escolas secundárias ficarem distantes das suas comunidades, a ideia é ver se conseguimos a aproximar", adianta.
O trabalho também já arrancou em Mecanhela. De acordo com a coordenadora do projeto United Purpose, Safilina Chacade, a associação está a trabalhar em vinte escolas e comunidades do distrito. "O projeto vem sensibilizar para mostrar o quão valioso é manter uma rapariga na escola. E também tem uma componente de bolsas que está a ser implementado por nós. Temos também uma parceria com o Ministério da Educação, um parceiro estratégico", destaca.
"A nossa ideia é implementar o projeto para sensibilizar as comunidades para a mudança e, quando o projeto terminar, a população conseguir continuar com a realização das atividades direcionadas para a retenção da rapariga nas escolas", conclui.