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Recenseadores de Lichinga exigem pagamento de subsídios

Manuel David (Lichinga)
7 de agosto de 2017

O censo geral da população continua com problemas e também há queixas no norte de Moçambique. Em Lichinga, na província do Niassa, recenseadores fazem um ultimato: se ninguém lhes pagar, não entregarão os dados do censo.

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Foto de arquivo: Recenseamento da população na Zambézia, MoçambiqueFoto: M. Mueia

Enquanto não receberem, os recenseadores de Lichinga recusam-se a entregar os dados do censo geral da população ao Instituto Nacional de Estatística (INE). 

Para exigir o pagamento dos seus subsídios, recenseadores de alguns bairros da cidade protestaram em frente ao posto administrativo de Sanjala, no sábado (05.08). Alguns trabalhadores partiram vidros e cadeiras do posto e queimaram boletins do processo, que arrancou há uma semana.

"Em Maputo, receberam 2.200 meticais [cerca de 30 euros], e as pessoas ficaram insatisfeitas aqui, em Lichinga, e disseram que queriam esse subsídio", contou uma das manifestantes sob anonimato. O INE teria, no entanto, rejeitado as revindicações dos recenseadores.

Greve de recenseadores em Lichinga

A chefe de Relações Públicas da Polícia no Niassa, Joana Maquichone, confirma a greve e os danos materiais no posto administrativo.

"Tivemos informação que alguns recenseadores estavam a reivindicar aquilo que são os seus direitos", informa a Relações Públicas. 

As autoridades tentaram amainar os ânimos no local. "A polícia foi lá manter a ordem e não tivemos nenhum detido. Houve danos nos vidros e nas janelas, numa cadeira e queimaram alguns boletins", conta.

Faltam condições de trabalho

Segundo a manifestante ouvida pela DW África, os recenseadores trabalham sem contratos, o que torna o processo menos transparente.

Os trabalhadores queixam-se também que os subsídios são demasiado baixos para o trabalho a que são sujeitos. Segundo a manifestante, "o trabalho é muito pesado e depois onde nós estamos é longe", pelo que o transporte até ao trabalho fica caro.

"É a mesma coisa que ficar sem nada. Fomos lá para ganhar algo e vamos voltar sem nada", conclui a manifestante.

A DW África contactou, por telefone, o delegado no Niassa do INE, Bartolomeu Daúde, que afirma que o caso já está ultrapassado.