RENAMO e MDM ainda não ponderaram possível união na Matola
15 de outubro de 2018Depois de alguma demora, o STAE, Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, divulgou no sábado (13.10) os resultados referentes ao município da Matola. Eles dão vitória a FRELIMO, partido no poder, com 48,05% e colocam a RENAMO, a maior força da oposição, em segundo lugar com 47,28% e o MDM em terceiro com 4,11%.
A RENAMO, que já se tinha declarado vencedora do escrutínio antes do anúncio oficial, já se queixava de ilícitos. Para além disso, circulam nas redes sociais depoimentos de vogais e da segunda vice-presidente do Comissão Eleitoral da Cidade da Matola denunciando irregularidades.
Que passos para contestar resultados?
O especialista em legislação eleitoral Guilherme Mbilana lembra que em casos desta natureza "o que eles têm a fazer em caso de dúvidas, irregularidades ou suspeitas de alguma coisa é juntarem os seus delegados e membros das mesas de determinada autarquia em que haja desconfiança e fazer uma contagem paralela para depois confrontarem com a contagem feita pela Comissão Eleitoral Distrital".
E a medida posterior, de acordo com Mbilana: "Se por ventura houver desconformidade quanto aos resultados, eles têm o direito de reclamar junto da própria Comissão Eleitoral Distrital e terão de fazer isso hoje".
Foi o que fez a maior força da oposição nesta segunda-feira (15.10), a data limite para a sumbimissão da impugnação. O porta-voz da RENAMO, José Manteigas, confirmou à DW África: "Esta manhã estivemos a elaborar o recurso e ainda não tenho o feedback da Matola, mas a orientação era de se remeter ainda hoje".
Entretanto, raros são os casos em que um pedido de impuganação de resultados eleitorais tem parecer positivo da Comissão Nacional de Eleições. Mas é um procedimento previsto pela lei.
Como fazer cair a FRELIMO?
Já a contar com um não à impugnação, há quem já esteja a colocar em cima da mesa uma alternativa favorável ao maior partido da oposição: a RENAMO e o MDM unirem-se na Assembleia Municipal e reprovarem o orçamento do município duas vezes. Isso implicaria a dissolução da Assembleia Municipal e a convocação de novas eleições.
Porém, o especialista em legislação eleitoral lembra que "isso não é nada vinclulativo, é uma questão de se associarem e terem a mesma tendência de voto, que pode ser de voto negativo em relação ao Parlamento. Esta é até uma questão constitucional, porque diante de duas reprovações da proposta de orçamento, então não resta mais nada se não a queda do próprio governo [municipal], neste caso, do Conselho Autárquico".
Matola sempre foi considerado reduto da FRELIMO e, por isso, sempre governado pelo partido. Um veredicto favorável à RENAMO seria uma conquista inédita para a oposição. De qualquer forma, os resultados eleitorais mostram uma clara perda de influência da FRELIMO.
RENAMO e MDM ainda não poderaram união
Será que a RENAMO estaria interessada em unir-se ao MDM, a segunda maior força da oposição, para fazer cair a Assembleia Municipal?
"Essa discussão ao nível do partido ainda não foi tomada porque ainda estamos no momento da batalha para a reposição da verdade eleitoral. Só depois do desfecho desse processo é que se vai ver qual é o passao a seguir", respondeu o porta-voz da maior força de oposição, José Manteigas.
E igual postura tem o MDM, como fez saber à DW África o sue porta-voz, Sande Carmona: "A ter de se aventar essa hipótese o próprio partido terá de reunir algum órgão para discutirem e cogitarem essa possibilidade e chegarem a um entendimento para os devidos efeitos. Portanto, neste momento torna-se difícil eu, na qualidade de porta-voz, avançar com alguma informação relativa a questões futuras".
Ameaça da RENAMO
Ainda sobre uma aproximação entre os maiores partidos da oposição, Guilherme Mbilana lembra que as coligações pós-eleitorais são uma possibilidade que já não é tomada em linha de conta, pois "a nova legislação autárquica, aprovada no mês de agosto, as coligações pós-eleitorais não são permitidas. Só se pode fazer coligação de partidos políticos antes das eleições e não depois, enquanto na legislação anterior previa espaço para coligações pós-eleitorais".
E o descontentamento da RENAMO neste contencioso é tão grande que o partido, através do seu líder interino, Ossufo Momade, já fez ameaças. José manteigas vincou a posição manifestada pelo seu líder ao afirmar que "o não respeito desta vontade popular manifestada nas urnas a primeira medida vai ser o rompimento das negociações [de paz], porque o comportamento da FRELIMO dá a entender que não está a agir de boa fé".