Morreu o ex-Presidente dos EUA Jimmy Carter
30 de dezembro de 2024Eleito para a Casa Branca em 1976, vencendo o então Presidente Gerald Ford por uma margem de votos tangencial e num país ainda marcadoi pelo escândalo "Watergate" que forçou o Presidente Richard Nixon a demitir-se, Carter assumiu o cargo de 39.º Presidente dos Estados Unidos apenas durante quatro anos.
O político democrata, que votou nas últimas eleições presidenciais norte-americanas, realizadas em 05 de novembro, tinha sido submetido a tratamentos para tentar travar uma forma agressiva de melanoma, com tumores que se espalharam ao fígado e ao cérebro.
A sua morte foi confirmada pelo filho sem adiantar mais detalhes, segundo o jornal The Washington Post, e também pela organização Carter Center, de acordo com a agência Associated Press (AP).
Retirado de toda a vida pública, Jimmy Carter beneficiava de cuidados paliativos na sua casa em Plains, estado da Georgia, desde fevereiro de 2023.
"Estadista e humanitário"
O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, recordou o antigo governante norte-americano Jimmy Carter, que ontem morreu aos 100 anos, como "um homem de princípios, de fé e de humildade".
"A América e o mundo perderam um extraordinário líder, estadista e humanitário", reagiu o atual Presidente dos EUA com a sua mulher, Jill, num comunicado.
"Para todos aqueles que procuram saber o que significa viver uma vida de propósito e significado (...) estudem Jimmy Carter, um homem de princípios, de fé e de humildade", frisou na mesma nota.
Por seu turno, o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, lamentou a morte do ex-Presidente democrata Carter a quem diz que os norte-americanos devem gratidão.
"Os desafios que Jimmy enfrentou como Presidente vieram num momento crucial para o nosso país e ele fez tudo ao seu alcance para melhorar a vida de todos os americanos. Por isso, todos temos com ele uma dívida de gratidão", sublinhou Trump na rede social Truth.
"Melania (a sua mulher) e eu pensamos com carinho na família Carter e nos seus entes queridos neste momento difícil", disse Trump, que assumirá o cargo para um segundo mandato em 20 de janeiro.
Justiça e serviço
Os também ex-presidentes norte-americanos, os democratas Bill Clinton e Barack Obama e o republicano George W. Bush manifestaram condolências pela morte do ex-presidente norte-americano Jimmy Carter.
Na rede social X, Barak Obama disse que " o Presidente Carter ensinou-nos a todos o que significa viver uma vida de graça, dignidade, justiça e serviço", declarou este domingo o ex-presidente Barack Obama (2009-2017) .
Por seu lado, o antigo presidente Bill Clinton (1993-2001) e a mulher e ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, destacaram a longa carreira política e humanitária do antigo líder democrata.
"Guiado pela sua fé, o Presidente Carter viveu para servir os outros até ao fim", disse Clinton também nas redes sociais.
Bill Clinton acrescentou que "estarei sempre orgulhoso de o ter agraciado com a Medalha da Liberdade, a ele e a Rosalynn [Carter, esposa], em 1999, e de ter trabalhado com ele nos anos que se seguiram à sua saída da Casa Branca", sublinhou.
Por seu turno, George W. Bush que presidiu os EUA entre 2001-2009, lembrou que "o presidente Carter dignificou o seu cargo. E os seus esforços para deixar um mundo melhor não terminaram com a sua presidência. O seu trabalho com a Habitat for Humanity e o Centro Carter constituíram um exemplo de serviço que inspirará os americanos nas gerações vindouras", afirmou o antigo presidente.
"Campeão dos direitos humanos"
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar "profundamente triste" com a morte, no domingo, do ex-presidente norte-americano Jimmy Carter (1977-81), de quem destacou o legado na paz e segurança mundiais.
Numa declaração emitida na tarde de domingo em Nova Iorque, Guterres sublinhou os "marcos" de Carter na diplomacia dos Estados Unidos, como os acordos de Camp David ou os relativos ao Canal do Panamá, mas também o seu desempenho enquanto mediador de conflitos, após a sua presidência, em matérias como o controlo eleitoral em países em transição, a promoção da democracia e a erradicação de doenças.
Estes esforços, reconhecidos com a atribuição a Carter do Prémio Nobel da Paz em 2022, "contribuíram para fazer avançar as Nações Unidas", sublinhou Guterres, cujo organismo que lidera atravessa um momento de fragilidade particular.
Carter será recordado pela solidariedade para com os mais fracos e "pela sua fé infatigável no bem comum e na nossa humanidade partilhada", o que permitirá que o seu legado como "campeão dos direitos humanos" continue vivo.
"Uma inspiração”
Já o presidente do Conselho Europeu, António Costa, recordou o legado na defesa dos direitos e dignidade humana de Jimmy Carter.
"O Presidente Jimmy Carter colocou os direitos humanos, a dignidade humana e a paz no centro da sua vida política", escreveu Costa na sua conta na rede social X.
O seu legado, acrescentou o ex-primeiro-ministro português, "é uma inspiração".
Também a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, recordou Carter como o "incansável defensor da paz e dos direitos humanos", sendo o Nobel da Paz "o testemunho do seu papel decisivo na resolução de conflitos que mudaram o curso da história".
"O seu legado perdurará, sendo uma inspiração para muitos em todo o mundo", escreveu na sua conta na rede social X, concluindo que "a Europa está de luto".