Mortalidade infantil: Guiné-Bissau piora e Angola melhora
1 de março de 2011“Demos o título “Adolescência – uma fase de oportunidades” a este relatório”, conta a diretora-geral adjunta da UNICEF, Hilde Johnson. O nome do documento, apresentado na passada sexta-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, vai directo ao ponto – tal como a própria diretora-geral desta organização da ONU. No lançamento do relatório sobre a infância de 2011 da UNICEF, Hilde Johnson mostrou-se determinada: “Não podemos fazer desta década um caso de oportunidades não aproveitadas para os adolescentes de hoje ou para a sociedade do mundo de amanhã." A diretora adjunta vinca que é a coisa certa a fazer e é também o mais inteligente.
“Adolescência – uma fase de oportunidades” não só analisa a situação global dos adolescentes como expõe os desafios que os jovens entre os 10 e os 19 anos enfrentam em áreas como as da saúde, educação e protecção, para além de explorar os riscos e vulnerabilidades desta fase da vida. Entre os países a ocupar uma boa posição estão San Marino, Liechtenstein, Suécia e Noruega. Quanto ao espaço lusófono, Portugal, que se encontra no lugar 169, é o país com a melhor pontuação na tabela em relação à taxa de mortalidade. Seguem-se o Brasil, no lugar 98, Cabo Verde, 88, Timor-Leste, 55, São Tomé e Príncipe, 42, Moçambique,15, Angola,11, e Guiné-Bissau em quarto lugar.
A nível mundial, a situação não se apresenta muito favorável, diz Hilde Johnson: “Quase metade dos adolescentes do mundo não frequenta uma escola secundária". Dados da UNICEF indicam ainda que 150 milhões de crianças com idades entre os 5 e os 14 anos, estão envolvidas em trabalho infantil e um número incontável de adolescentes sofre com tráfico humano. A agencia onusiana calcula por outro lado que cerca de um milhão seja explorado para trabalho barato ou trabalho sexual todos os anos. Centenas de milhares são associados a grupos armados como soldados, espiões, mensageiros ou escravos sexuais.
Rapazes e meninas: acessos diferentes à educação
Segundo o estudo, em 2009, os adolescentes constituíam 22% da população da Guiné-Bissau, o país de língua oficial portuguesa com a pior situação infantil. A taxa de alfabetização de rapazes e raparigas divergia em 16%: para os rapazes era de 78% e para meninas de 62%. No país, a incidência do HIV/SIDA nos adolescentes entre 15 e 24 anos em 2009 era de 1,4%. Já no que toca aos órfãos devido à doença, na Guiné-Bissau o número não ultrapassou os 10 mil. Como ponto de comparação, em Angola o número de órfãos devido ao HIV/SIDA chegou a 140 mil no mesmo ano. Contudo, numa escala geral, é de notar que em 2006, Angola, apresentava ainda a segunda pior qualificação na tabela da UNICEF. Em apenas poucos anos, o país subiu 9 lugares.
Autor: Marta Barroso
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha