Morte de França Van-Dúnem consterna Angola
13 de junho de 2024O antigo primeiro-ministro angolano, Fernando Van-Dúnem, morreu em Portugal, aos 89 anos, vítima de doença, segundo fontes diplomáticas e parlamentares. O velório tem lugar esta quinta-feira (13.06), na Basília da Estrela em Lisboa, seguido de missa de corpo presente.
Fonte diplomática disse à DW que o funeral, ainda sem data, realiza-se em Luanda para onde serão transladados os restos mortais do malogrado político angolano.
Numa nota de condolências distribuída à imprensa, a embaixadora da República de Angola em Portugal, Maria de Jesus Ferreira, expressou pesar pela morte de França Van-Dúnem, que considerou ser um "defensor incansável e inquebrável dos melhores valores nacionalistas e do bem-estar do povo".
Ao endereçar condolências à família, Maria de Jesus Ferreira sublinhou que o legado de França Van-Dúnem "permanecerá para sempre vivo" nas memórias e servirá de exemplo "para as gerações mais novas continuarem empenhadas em trabalhar fazer de Angola um país cada vez melhor".
O presidente da UNITA (oposição), Adalberto Costa Júnior, também expressou "grande tristeza" pela morte do ex-primeiro-ministro angolano França Van-Dúnem referindo que África e Angola, em particular, perderam um "grande filho". Numa mensagem de condolências, pela morte de França Van-Dúnem, o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) destacou também o seu grande contributo na formação de quadros em direito.
"Com o seu passamento físico, o continente africano e o nosso país em particular, perde um grande filho que dedicou a sua vida a servi-lo", escreveu o presidente da UNITA.
"Era uma figura ponderada"
"O ex-primeiro-ministro angolano, Marcolino Moco, manifestou-se "duplamente comovido" com a notícia "arrasadora" da morte do seu amigo Fernando José França Van-Dúnem, recordando o seu humanismo, simplicidade e o sorriso "meio maroto e brincalhão".
"Perdi um amigo, para mim é uma notícia arrasadora, especialmente por se tratar de uma pessoa com quem tive muitos momentos comuns nas plataformas mais elevadas das nossas funções públicas", disse hoje Marcolino Moco em declarações à Lusa. De acordo com o ex--governante angolano, Fernando José França Van-Dúnem, era uma figura humana e bastante ponderada.
Por sua vez, o ex-ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, recordou com "tristeza e alegria" o político e académico angolano França Van-Dúnem, considerando que este foi uma referência para a geração da independência.
"É com um sentimento misto, de tristeza pelo passamento físico do nosso professor doutor, camarada, mais velho, amigo, mas ao mesmo tempo também de satisfação por tudo aquilo que com ele eu pude aprender", disse Manuel Augusto aos jornalistas, na noite de quarta-feira, em Luanda.
Notas biográficas
Nascido em 24 de agosto de 1934, Fernando José de França Van-Dúnem, além de primeiro-ministro angolano, foi deputado e ex-embaixador de Angola em Portugal. Exerceu por duas vezes o cargo de primeiro-ministro de Angola, respetivamente entre 1991 e 1992 e de 1996 a 1999, tendo sido também vice-ministro das Relações Exteriores e ministro da Justiça.
O antigo deputado da bancada parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), presidiu à Assembleia Nacional de 1992 a 1996. Entre 1982 e 1986 foi embaixador de Angola em Portugal e Espanha, depois de ter desempenhado essas funções, entre 1979 e 1982, na Bélgica, Países Baixos e Comunidade Económica Europeia.
Van-Dúnem foi também vice-presidente da União Africana e membro do Parlamento Africano e professor de Direito da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Angola.