Moçambicanos dizem não ter benefícios sociais da Rio Tinto
29 de abril de 2017A multinacional anglo-australiana Rio Tinto inicia mais um megaprojeto de exploração de areias pesadas na província de Inhambane, no sul de Moçambique. Porém, a população local queixa-se da falta de oportunidades de emprego, acesso a serviços básicos de saúde, educação e também pede melhorias nas vias de acesso às comunidades.
O diretor provincial dos recursos minerais em Inhambane, Salomão Mujui, em entrevista à DW África, disse que já foram feitos 116 furos, que serviram para obter amostras de areia da região. Estas amostras foram enviadas para um laboratório internacional, responsável pela avaliação da qualidade e da quantidade de areias pesadas existentes no distrito de Jangamo.
"Já foram perfurados neste preciso momento 116 furos, o que corresponde a cerca de 3.200 metros de profundidade, onde foram colhidas 1.080 amostras", afirma.
Salomão Mujui diz que o estudo sobre o impacto ambiental ainda não foi apresentado pela Rio Tinto, mas garante que nada será feito sem o referido estudo.
"O estudo de impacto ambiental será apresentado. De fato, não é possível fazer a exploração sem que primeiro se faça o estudo do impacto ambiental, levando em consideração todo o impacto que será causado na área de exploração, dai que vai se tomar a precaução para que os danos causados não sejam tão grandes".
A DW África não conseguiu falar com um ambientalista para saber se existem ou não possíveis danos ambientais com a implementação deste megaprojeto em Inhambane.
População quer compensações pela exploração
Desde 2000 que a Rio Tinto começou com os trabalhos naquela província do sul de Moçambique. No entanto, a população queixa-se da falta de oportunidades de emprego, como revela Rafael Augusto, residente local.
"Nunca consegui emprego da Rio Tinto. A empresa ainda não fez escola, nem hospital. Estou a ver só a empresa a trabalhar naquele sitio, não sei qual é o trabalho e só estou ver o movimento", relata o residente, que cobra as compensações da empresa.
No distrito de Jangamo, onde a Rio Tinto vai começar a explorar os recursos minerais, os residentes não têm nenhuma unidade sanitária, nem escola, e pedem o melhoramento nas vias de acesso à região.
Assim como Rafael Augusto, outro residente, João Ngulele, explica que a comunidade ainda não tem conhecimento de nenhuma ação de responsabilidade social por parte da multinacional.
"Ainda não vimos os benefícios, centro de saúde ainda não temos. Gostaria que nos ajudasse a ter água, energia e a reabilitar esta estrada", cita Ngulele, que também reclama da falta de empregos. Segundo ele, a empresa contrata apenas pessoas de fora, enquanto há muitos jovens desempregados na comunidade.
A empresa Rio Tinto é detentora de duas licenças de prospecção e pesquisa em Jangamo, na província de Inhambane. Também outro projeto do género em Moma, na província de Nampula, e é desenvolvida pela empresa Kenmare.