120 mil moçambicanos vivem em zonas de risco de inundações
12 de março de 2019O Governo de Moçambique acaba de ativar o alerta vermelho face às chuvas fortes e cheias que afetam a zona centro do país e que já resultaram em pelo menos dez mortos e afetaram 63 pessoas desde a última quarta-feira (06.03).
Uma depressão tropical estacionada no Canal de Moçambique evoluiu para a tempestade tropical Idai, que deverá transformar-se num ciclone tropical nos próximos dias e voltar a atingir o cento do país.
Para evitar mais vítimas mortais, o Governo decidiu mobilizar todos os meios disponíveis para o salvamento e retirada das pessoas que vivem em zonas de risco e assistência humanitária.
Fundos para a proteção
O Instituto de Gestão de Calamidades (INGC), segundo a diretora, Augusta Maita, precisa de 18 milhões de dólares para proteger a população.
"Solicitamos a ativação do alerta vermelho para toda a região centro do país. Afigura-se pertinente também o apoio e mobilização imediata destes um ponto mil milhões de meticais (cerca de 16 milhões de euros) para fazer face a esta assistência que se mostra pertinente".
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades já fez as contas ao número de pessoas afetadas pelas intempéries na região centro e o cenário é dramático. De acordo com Augusta Maita, "já estão afetadas cerca de 38.285 pessoas, 28.272 mil famílias, as intempéries já provocaram ferimentos em 111 pessoas, há 9.587 casas parcialmente destruídas e 5.125 mil totalmente destruídas".
120 mil pessoas em zonas de risco
O INGC aponta ainda para 120 mil pessoas em zonas de risco de inundações, enquanto as cheias afetam 55 mil pequenos agricultores devido à inundação de mais de 80 mil hectares de área cultivada.
Face ao drama das cheias, o Governo conta com o apoio dos parceiros de cooperação, garantiu a ministra da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita Namachulua: "Com os parceiros de cooperação também decidimos alocar mais meios, não só materiais como também financeiros, no sentido de apoiarmos as populações que serão retiradas das zonas de risco".
Neste momento, a prioridade, segundo a ministra, é a retirada imediata da população nas zonas de risco e, para isso, será necessária a "mobilização de meios aéreos para a retirada das pessoas que estão nas zonas de risco. Os COEs [Comités Operativos de Emergência] provinciais e distritais também estarão em alerta máximo, iremos intensificar o sistema de comunicações que o Instituto de Gestão de Calamidades tem para a retirada compulsiva das pessoas".
Missão técnica da ONU em Maputo
Uma missão de técnicos das Nações Unidas chegou esta terça-feira (12.03) a Maputo para avaliar o apoio necessário para o país, após as chuvas e inundações que começaram na semana passada.
Segundo um comunicado da ONU, "a nível local, as Nações Unidas apoiam a coordenação da resposta internacional e prestam assistência urgente através das várias agências", enquanto o Governo, "que lidera as ações de resposta, já instalou pelo menos 10.512 deslocados em 15 centros de trânsito nas três províncias afetadas".
Recorde-se que Moçambique é ciclicamente afetado por calamidades naturais, com o sul a registar seca e o centro e norte do país cheias.