Moçambique: 20 milhões de dólares para a saúde
12 de outubro de 2012Dados da UNICEF indicam que, em 2007, cerca de 500 mães morreram após o parto, em cada cem mil nascimentos, em Moçambique.
Esta cifra baixou para cerca de 400 mortes. Mas é preciso diminuir ainda mais para que, em 2015, não ultrapasse os 250 óbitos maternos a cada 100 mil partos estabelecidos como limite nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas (ONU).
Jennifer Topping, coordenadora residente da ONU em Moçambique, reconhece os avanços alcançados: “O país está a registrar um progresso significativo na redução da mortalidade infantil. Em menos de 15 anos, obteve uma taxa de melhoramento de seis por cento por ano, uma das mais rápidas em África”, garante.
Adolescentes são vítimas do problema
A mortalidade materno-infantil atinge mais as adolescentes por causa dos casamentos prematuros, diz Eunice Quembo, da ONG Plan International, que enumera os desafios.
“Tem menos informação, tem menos abertura para o diálogo, o acesso a escola é problemático porque a escola é longe, não é segura.”
De acordo com Quembro, para aliviar esta situação, deve haver mais informação sobre a saúde reprodutiva.
Zambézia: desafios ainda maiores
A província da Zambézia, a segundo mais populosa do país, é também a mais afetada pela mortalidade infantil. Enquanto a média nacional é de 95 mortes para cada mil nascidos vivos, na Zambézia essa taxa situa-se em 145.
Em relação à mortalidade neo-natal, a média do país é de 30 óbitos em cada mil nascidos vivos. Na Zambézia, esse número praticamente dobra, com 59 óbitos em cada mil nascimentos.
Allain Latulipe, alto comissário do Canadá, afirma que “as principais causas de mortalidade entre crianças e mulheres em Moçambique os senhores conhecem e as soluções também”.
Para Latulipe, “o nosso desafio é a eliminação dos constrangimentos concretos”.
Estratégias para avançar
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Manguele, o governo de Moçambique pretende investir o dinheiro na capacitação técnica, melhoria da saúde materna, incentivo ao uso de anti-conceptivos e na formação de adolescentes e crianças sobre a saúde sexual e reprodutiva.
“O nosso governo apenas irá descansar quando em Moçambique cada mulher puder ter o seu filho sem risco de enfrentar a morte, quando cada criança que nasce puder alcançar o seu pleno desenvolvimento e os cinco anos de idade deixarem de ser um limite inatingível”, garante o ministro.
Em Moçambique, os partos tradicionais são uma das causas de mortes de mulheres. Desde 2010, o setor da saúde intensifica campanhas para adesão das mulheres aos partos institucionais.
O ministro da Saúde releva ainda que a meta de partos institucionais previstos foi ultrapassada. “Importa salientar que o atendimento do parto e das complicações obstétricas por profissionais habilitados é a chave para a redução da mortalidade materna”, explica Manguele.
No sector da saúde, Moçambique está a combater a desnutrição crónica, a malária, a tuberculose, além de estar a implementar programas de fortalecimento do sistema de saúde.
Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Cristiane Vieira Teixeira/Renate Krieger