Moçambique: Rapto de albino por esclarecer
6 de junho de 2018Augusto César, um cidadão moçambicano com albinismo, foi raptado há mais de quatro anos. Até hoje, desconhece-se o seu paradeiro e quem o raptou. A família do jovem diz que a polícia prometeu esclarecer o caso, mas ainda não há resultados.
"Passaram quatro anos desde o dia em que desapareceu até agora, e não temos nenhuma informação satisfatória'', diz Pedro Francisco César, o irmão mais novo de Augusto.
César, também albino, acrescenta que a família colaborou sempre com as autoridades na investigação do rapto e chegou mesmo a denunciar alguns suspeitos, que nunca foram levados à Justiça.
"Os suspeitos ainda estão livres. Não se investiga nada, está tudo estático. Nós [a família] ficamos dececionados pelo modo como funcionam as autoridades."
No entanto, a família do jovem raptado a 17 de dezembro de 2014 ainda tem fé na divulgação de esclarecimentos sobre o caso.
Ativistas descontentes
Na província nortenha de Nampula, a perseguição, rapto e assassinato de pessoas albinas deixou de ser tema de conversa no seio da população, mas os albinos consideram que ainda não venceram a batalha, afirma Pedro Francisco César em entrevista à DW África.
César também é membro da Associação "Amor à Vida", uma organização que defende os albinos moçambicanos.
"Acredito que reduziram [as perseguições e raptos de albinos], mas não digo que acabou. Nunca se sabe. Talvez as pessoas que fazem isso estejam a traçar novas estratégias: como fazer e onde fazer'', refere.
Caso nas mãos da Procuradoria
Entretanto, a polícia moçambicana em Nampula esclarece que o processo de Augusto César já não está nas mãos da corporação, mas sim da Procuradoria da República.
"Este caso já não está sob alçada da polícia", afirma Zacarias Nacute, porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Nampula.
"A polícia é a primeira instância a lidar com os casos criminais. No entanto, após a polícia fazer o seu trabalho, esses casos são entregues a outras instâncias de controlo social - falo da Procuradoria - que dão prosseguimento aos casos para apurar a veracidade e todos os outros intervenientes da ação criminal."
Esta não é a primeira vez que a polícia, depois de garantir que está a investigar um crime, remete o caso a outras instâncias judiciais. O caso mais recente diz respeito ao assassinato do antigo edil de Nampula, Mahamudo Amurane - as autoridades policiais disseram ter feito tudo ao seu alcance e que não lhes compete prosseguir com o esclarecimento do crime, porque o processo foi remetido a instâncias superiores.