Moçambique aprova plano de ação para proteger albinos
25 de novembro de 2015A "Amor à Vida", associação de defesa dos direitos dos albinos, ficou satisfeita com a aprovação, na terça-feira (24.11), do plano de ação para proteger este grupo. "Estamos felizes por saber que o Governo está a fazer algo por nós. E esperançosos de que vamos conseguir alcançar o nosso objetivo: mostrar que somos todos iguais", afirma Ihidina Mussagy, presidente da associação.
Pedro Tivane, um albino ouvido pela DW África, espera igualmente que o plano do Governo contribua para evitar a discriminação de que este grupo é alvo. "É de agradecer esta lei porque nós, os albinos, andávamos sempre amedrontados com esta caça aos albinos."
O objetivo geral do plano de ação é assegurar a protecção e assistência a albinos, bem como prevenir actos criminosos contra essas pessoas. Estão previstas ações e estudos para aprofundar as causas do fenómeno. "As acções incluem medidas de sensibilização, educação cívica e estudos sócio-antropológicos, mas também medidas que permitam maior celeridade na tramitação dos processos envolvendo este fenómeno", anunciou a porta-voz do Conselho de Ministros, Ana Comuana.
A "Amor à Vida", esteve envolvida na elaboração do plano de ação do Governo. Para além da necessidade do combate à onda de raptos e assassinatos de albinos, a associação apresentou outras preocupações ao Governo.
"Precisamos de protetores solares. O facto de não existirem nas farmácias públicas e não estarem a preços acessíveis preocupa-nos", conta Ihidina Mussagy.
Pedem também que sejam criado um "balcão de óculos especiais". Ao Ministério da Educação propuseram que, a partir da terceira classe, se fale de igualdade e de albinismo, "para que desde criança se consiga perceber que é algo normal", explica a presidente da associação.
Novos casos
Os albinos moçambicanos têm sido alvo de raptos e assassinatos por parte de indivíduos que acreditam que partes do seu corpo como olhos, cabelos e órgãos genitais dão sorte quando usados na medicina tradicional.
Segundo Ihidina Mussagy, só de fevereiro até ao momento foram participados 58 casos, mais de metade em Nampula, no norte do país. Entretanto, nas duas últimas semanas voltaram a registar-se novos casos depois de um aparente abrandamento.
As autoridades já instauraram 55 processos-crime contra indivíduos indiciados por envolvimento no rapto, assassinato e vandalização de túmulos de pessoas albinas.