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Moçambique: Bispos angolanos propõem negociações pela paz

Lusa
1 de janeiro de 2025

CEAST une-se à voz dos bispos moçambicanos, apela "contenção da violência” e “procura de soluções pacíficas duráveis que exigem a busca da verdade e justiça eleitorais".

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CEAST - Conferência Episcopal de Angola e São Tomé
Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) apelam à abertura de linhas de negociação com vista a se "estancar a espiral de violência" que Moçambique enfrenta (Foto de arquivo)Foto: DW/N. Sul de Angola

Os bispos católicos angolanos manifestaram no dia 31 de dezembro solidariedade ao povo e à igreja moçambicanos devido à crise pós-eleitoral em Moçambique. Os bispos apelam para a abertura de linhas de negociação com vista a se "estancar a espiral de violência" que o país enfrenta, segundo refere uma nota da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

Na missiva endereçada aos bispos da Conferência Episcopal moçambicana, a CEAST manifesta solidariedade ao povo e à igreja moçambicanos, "novamente provados pela dor e angústia provocados por uma violência generalizada que ameaça a paz tão duramente conquistada por esta nação".

Face aos relatos que chegam de Moçambique, na sequência da crise pós-eleitoral, "agravada com a publicação dos resultados eleitorais definitivos", a CEAST une-se à voz dos bispos moçambicanos nos apelos para a "contenção da violência e a procura de soluções pacíficas duráveis que exigem a busca da verdade e justiça eleitorais".

Jornada pela paz em Moçambique

Os bispos católicos angolanos consideram que a atual situação de Moçambique perturba a "consciência coletiva como irmãos", pelo que apelam as partes em conflito a "tudo fazerem para serenarem os ânimos" e "abrirem-se linhas de negociação para se estancar a espiral de violência que o país enfrenta".

O apelo é igualmente lançado às organizações regionais e continentais, nomeadamente a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a União Africana (UA). A CEAST pede para usarem os seus mecanismos de resolução de conflitos, de modo a exercer junto das partes desavindas "todos os esforços para o restabelecimento da normalidade democrática, sem descurar a vontade legítima expressa pelo povo moçambicano nas urnas".

Na nota assinada pelo presidente da CEAST, arcebispo José Manuel Imbamba, o colégio episcopal angolano propõe ainda uma jornada de oração pela paz em Moçambique nos dias 01, 02 e 03 de janeiro de 2025.

Moçambique – protestos em Maputo
Contra a violência, a CEAST pede as partes para usarem os seus mecanismos de resolução de conflitos para o restabelecimento da normalidade democrática em Moçambique Foto: AMILTON NEVES/AFP

Protestos provocaram caos

De recordar que o Conselho Constitucional (CC) de Moçambique proclamou em 23 de dezembro Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 9 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – candidato presidencial que, segundo o Conselho Constitucional, obteve apenas 24% dos votos – a saírem às ruas em protesto. Os manifestantes colocaram barricadas, registaram-se atos de pilhagem e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Desde 21 de outubro, quando começou a contestação ao processo em torno das eleições gerais de 9 de outubro, o registo da plataforma eleitoral "Decide”, uma organização não-governamental que acompanha o processo, contabiliza 277 mortos, 586 pessoas baleadas e 11 desaparecidos.

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