Moçambique: Campanha decorre sem maiores incidentes
1 de setembro de 2019As eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 15 de outubro próximo têm o concurso de quatro candidatos à Presidência da República, 26 partidos políticos aos 250 assentos no parlamento e aos 794 lugares das 10 Assembleias Provinciais.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) apelou aos partidos e candidatos para se distanciarem de actos de violência e de incitamento ao ódio.
"A violência eleitoral não é mais do que falta de argumentos, porque quem tem argumentos coloca os seus argumentos e sabe que as pessoas vão consumir esses seus argumentos," avaliou Paulo Cuinica, porta-voz do órgão.
Campanha presidencial
Os primeiros dois dias da campanha foram marcados pela realização de comícios, desfiles, contatos interpessoais, afixação de material de propaganda, e divulgação dos manifestos eleitorais.
Nas presidenciais, apenas os candidatos da FRELIMO e do Partido Acção do Movimento Unido para a Salvação Integral saíram à rua no primeiro dia da campanha.
Filipe Nyusi, que concorre à sua sucessão pelo partido no poder, disse num showmício na cidade da Beira que a paz continua a ser um de seus pilares de governação.
"Continuará na minha cabeça a palavra paz, como também vou meter mais uma palavra: emprego para a juventude," declarou.
Já o candidato do partido Acção do Movimento Unido para a Salvação Integral, Mário Albino, prometeu num comício na cidade de Nampula, “primeiro respeitar a democracia, segundo respeitar os detentores do poder do Estado, para que eles também saibam retribuir”.
Por seu turno, o candidato presidencial do MDM, Daviz Simango, agendou o lançamento da sua campanha para este domingo (01.09) no Gurué, na província da Zambézia, centro do país.
Sabe-se que o candidato da RENAMO, Ossufo Momade, é esperado esta segunda-feira (02.09) em Maputo.
Os primeiros dois dias
A DW África perguntou a Dércio Alfazema da "Sala da Paz" que avaliação fazia do início da campanha
"Nós consideramos que o arranque da campanha foi de todo satisfatório," respondeu.
Dércio Alfazema disse que aquela plataforma da sociedade civil que agrupa mais de 70 organizações não tem conhecimento de nenhuma situação de impedimento de realização de campanha nas regiões afectadas pelos ataques dos insurgentes em Cabo Delgado e nas zonas consideradas de risco devido às ameaças da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO".
Alfazema apontou, no entanto, que se registaram algumas situações preocupantes - como é o caso da perda de vidas humanas em Pemba e Sofala, devido a acidentes de viação. Mencionou também "uma grande incidência de destruição de material de campanha a nível nacional, a colocação de panfletos em locais proibidos e há alguns indícios de uso de bens públicos".
Dércio Alfazema disse que a "Sala da Paz" constatou ainda indícios de intolerância na província de Gaza. Informou que o partido "Nova Democracia" depois de comunicar à polícia a sua pretensão de realizar um comício viu o local indicado a ser ocupado por simpatizantes da FRELIMO, havendo suspeitas de envolvimento da corporação na fuga de informação.
Atraso na liberação de fundos
A "Sala da Paz" está também preocupada com o atraso no desembolso dos fundos do Estado para o financiamento da campanha. Segundo a lei, deviam ter sido disponibilizados até 21 dias antes do arranque deste processo. Para Dércio Alfazema, "isso está, de alguma forma, a trazer uma situação de injustiça - sobretudo em relação aos partidos que não têm representação na Assembleia da República".