Moçambique: Construção de central solar arranca em maio
14 de abril de 2018A larga esteira de painéis solares vai ser estendida num terreno de 126 hectares em Mocuba, província da Zambézia, centro do país, e resulta de uma parceria entre a empresa Scatec Solar (52,5%), o fundo estatal norueguês Norfund (22,5%) e a Eletricidade de Moçambique (EDM) (25%).
"Vai ser a primeira central solar de grande escala do país e representa um passo importante na ambição de aumentar a percentagem de origens renováveis na produção de eletricidade", anunciou o grupo promotor.
A EDM vai comprar a energia produzida, com capacidade para abastecer 175 mil agregados familiares, e distribuí-la pela rede elétrica nacional.
Apenas 8% da população tem eletricidade
Segundo um relatório da empresa pública moçambicana de eletricidade a que a agência de notícias Lusa teve acesso, a central vai ajudar a colmatar a falta de resposta da rede elétrica na metade norte do país e ao mesmo tempo promover o desenvolvimento da região de Mocuba.
Prevê-se que o empreendimento tenha um tempo útil de vida de 25 anos e que cubra 85% do consumo anual de energia da região onde vivem 216 mil pessoas, mas só 8% dos agregados tem eletricidade. A expetativa é que o projeto ajude a aumentar este valor para, a prazo, um quarto das famílias terem eletricidade.
Durante a fase de construção, a obra deverá dar emprego a 200 pessoas e "impulsionar negócios locais nas áreas do alojamento, restauração, alugueres e venda de bens essenciais", refere-se no relatório.
Na fase de produção, o projeto prevê que 0,75% das receitas anuais, em valor não referido, sejam aplicados em projetos sociais na região.
O documento aponta o empreendimento como a opção mais barata para produzir eletricidade e ao mesmo tempo garantir uma forma de abastecer facilmente o mundo rural e diversificar as origens de energia em Moçambique.
Investir nas renováveis
A operação financeira está fechada: dos 76 milhões de dólares de investimento, 14 milhões foram entregues pelos sócios, sete milhões resultam de donativos e 55 milhões através de dívida - negociada com o Banco Mundial, a iniciativa Fundos de Investimento do Clima e o departamento britânico de desenvolvimento internacional.
O Governo norueguês vai apoiar o Estado moçambicano e cobrir a participação de 25% da EDM.
Para a empresa pública, o investimento é também uma forma de acumular experiência na gestão de centrais fotovoltaicas que têm ainda como vantagem a rapidez de construção, quando comparadas com a produção hídrica (em barragens, por exemplo) ou alimentada por combustíveis.
O Governo de Moçambique apresentou em setembro de 2017 a carteira de projetos de energias renováveis com a qual pretende garantir o acesso universal a eletricidade no país até 2030.
Prevê-se eletrificar cerca de 300 vilas com recurso a energia hídrica a que se deverão juntar outros tantos projetos de energia solar, de acordo com dados do Ministério dos Recursos Minerais e Energia.