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Morte de Mahamudo Amurane ainda por esclarecer

Sitoi Lutxeque (Nampula)
4 de outubro de 2022

Cidadãos pedem investigação internacional para encontrar culpados pela morte do antigo edil de Nampula. Comunidade local exige uma "Rua Mahamudo Amurane" para imortalizar o líder assassinado há cinco anos.

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Foto: Sitoi Lutxeque/DW

Os cidadãos de Nampula recordam com dor o assassinato bárbaro do "revolucionário de Nampula", como era apelidado o autarca da cidade, Mahamudo Amurane.

"As lágrimas caem-me infinitamente. O foco de Amurane era transformar a cidade de Nampula numa cidade europeia", diz Felisberto Mucussete, um habitante local.

Mahamudo Amurane "foi uma figura que revolucionou Nampula como cidade", considera Tiago Filipe, outro cidadão entrevistado pela DW África. "Ele sempre falava nos seus discursos que queria transformar a cidade de Nampula numa Suíça. Em vida, Amurane não era só um ganho para Nampula, mas também para Moçambique", acrescenta.

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Mahamudo Amurane, edil de Nampula morto em outubro de 2017Foto: DW/Sitoi Lutxeque

Um crime sem culpados

Em finais de junho de 2022, a 6ª Secção do Tribunal Provincial de Nampula iniciou o julgamento relativo ao assassinato do autarca Mahamudo Amurane. No banco dos réus estão dois arguidos, acusados pelo Ministério Público da autoria do homicídio. Mas até ao momento, não houve qualquer desfecho judicial.

O cidadão Tiago Filipe pede uma investigação aturada, feita por peritos internacionais, por considerar a Justiça nacional menos séria e parcial. "As organizações internacionais não se devem deixar intimidar por motivações partidárias. Eu acredito que há uma motivação partidária neste caso", comenta. 

Já Felisberto Mucussete acredita que alguém será responsabilizado, mas alerta que essas pessoas podem não ser os "verdadeiros assassinos".

Imortalização de Mahamudo Amurane

Na cidade de Nampula, cresce a vontade de imortalizar o antigo autarca. "Uma das coisas que temos de fazer, como agradecimento, seria uma Rua Mahamudo Amurane", sugere Tiago Filipe.

Mosambik I Drei Jahre nach der Ermordung des ehemaligen Bürgermeisters von Nampula
Jazigo de Mahamudo Amurante, em Nampula, MoçambiqueFoto: Sitoi Lutxeque/DW

O Partido Liberal de Desenvolvimento Sustentável (PLDS), formação política que alegadamente estava a ser criada por Mahamudo Amurane, mobilizou os seus membros para a limpeza, esta terça-feira (04.10), do túmulo do ex-edil. Mas a polícia impediu a atividade, denunciou Amisse Constantino, presidente da Comissão Económica do PLDS.

"Os motivos, como políticos, podemos interpretar de várias maneiras. Mas ficámos indignados, e isso precisamos até aprofundar para que não aconteça das próximas vezes", disse. 

A Polícia da República de Moçambique (PRM) não comenta os motivos que terão levado ao impedimento da limpeza e visita ao túmulo de Amurane pelos membros do PLDS. No entanto, segundo a DW apurou junto de fontes policiais, a atividade terá sido impedida para não criar agitação social.