Moçambique: falta água em Maputo
10 de janeiro de 2017Diminuiu drásticamente o caudal do rio Umbeluzi, o único que abastece com água as cidades de Maputo e Matola e a vila Muncipal de Boane, província sulista de Maputo. O fornecimento do precioso líquido está a ser feito de forma alternada para os 70 bairros destas três regiões.
A DW África ouviu alguns cidadãos afetados. Alguns já sabiam da notícia mas não está a ser fácil lidar com a situação que tem levado habitantes a sofrer, diz a menina Isaura. "É difícil manter a higiene, estamos a sofrer muito", desabafou.
No bairro de Chiango, na periferia de Maputo, Orlando Buque, pedreiro, começou tarde a trabalhar porque não havia água suficiente. "Antes tínhamos água. Acordávamos às quatro horas e começávamos com a atividade. Mas agora, com este problema, temos de ir antes de tudo à busca de água e depois voltamos para começar a trabalhar”, explicou.
No vizinho bairro da Costa do Sol, Laurinda Manjate, não estava preparada para enfrentar este cenário. "Estamos a sofrer por causa da água. Levamos três horas à procura da mesma. Falta dinheiro e transporte. Aqueles que têm transporte carregam mil litros”, disse Manjate.
Estação de tratamento
A Estação de Tratamento de Água de Umbeluzi tem apenas capacidade para produzir 4,5 milhões de metros cúbicos contra os 6 milhões, normalmente produzidos.
Por isso, o administrador da empresa Águas da Região de Maputo (AdeM), Gildo Timóteo, calendarizou o fornecimento de água. "Serão todos os consumidores que terão água um dia sim, um dia não. O que nós vamos fazer é dividir por bairros”, disse Timóteo em entrevista à DW África.
Caso não chova nos próximos dias o cenário poderá ser crítico para os 250 mil consumidores que dependem da água bombeada a partir do rio Umbeluzi.
"Não sabemos o que vai acontecer porque é possível que não chova mesmo. Até aos finais de março, segundo as previsões, não vamos ter chuva suficiente para repôr os níveis da barragem”, explicou o administrador.
Solução
As águas subterrâneas em algumas zonas da cidade de Maputo poderão ser uma solução a breve trecho, disse Gildo Timóteo:
"[...] aproveitar as águas que estão a correr naquela barreira de Maxquene e Desportivo, porque em tempos já se aproveitou essa água. Temos outra barreira na Avenida das Nações Unidas, também há muita água a correr e vamos fazer análises para ver se ela é potável ou não”, acrescentou.
Face a este cenário de crise de água na província e cidade de Maputo a empresa tem estado a fazer campanhas para o uso racional da água.
As mudanças climáticas que também afetam toda a África Austral, têm provocado a seca em Moçambique, e explicam a diminuição do caudal do rio Umbeluzi.