Nyusi anuncia medidas para conter terrorismo e ataques
25 de outubro de 2020O Presidente de Moçambique anunciou o reforço e capacitação do comando do teatro operacional norte com vista a estruturar a atuação das Forças de Defesa e Segurança (FDS) no combate aos terroristas em Cabo Delgado.
Filipe Nyusi falava durante a realização do retiro do seu partido, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que decorreu no final de semana na capital provincial de Cabo Delgado.
"Na nossa qualidade de comandante em chefe, para além de capacitar mais a operação no norte, vamos reforçar, já a partir da próxima semana, o comando do teatro norte para continuarmos a perseguir de uma forma estruturada o inimigo. Nesta fase, é crucial e vamos fazer isso", anunciou este sábado (24.10).
Antes do encontro, Nyusi sobrevoou as posições das tropas e as zonas de conflito, tendo visitado os distritos de Macomia e ilha do Ibo para perceber de perto a situação no terreno. Durante a visita, Nyusi manteve contacto com o 3º Batalhão da Unidade de Intervenção Rápida, no distrito de Macomia.
"Só pelo sobrevoo, deu para compreender o que é que há em baixo, como é que estão as aldeias. [Vi] aldeias abandonadas, [outras] ainda com pessoas, aldeias queimadas, algumas aldeias mesmo não queimadas mas sem muitas pessoas. [Vimos também] o movimento, as estradas e culminamos com aquele contacto com as pessoas e tivemos a oportunidade de nos dirigir às Forças de Defesa e Segurança representadas no terreno", descreveu o Presidente.
Apelos da população
Durante o breve contacto com Filipe Nyusi, alguns populares em Macomia pediram a sua evacuação para zonas mais seguras.
"Apelo para que tragam carros para poderem evacuar-nos também ou que acabe a guerra, porque estamos a sentir muito em termo das crianças. Nós não estamos a conseguir fugir com as crianças e isto é sentimental", declarou um cidadão.
O Presidente tranquilizou as populações, afirmando que não se pode viver sempre a fugir do inimigo e que a melhor alternativa é enfrentá-lo e derrotá-lo.
"Uns [populares] tinham saído de Quiterajo e de Quissanga para as ilhas e eles [os terroristas] foram [também] até lá nas ilhas. Então, as populações saíram de lá e fugiram também. Estamos toda a hora a correr, [mas] o importante é lutarmos todos. Não é fácil, mas temos que lutar, nós moçambicanos, unidos", defendeu.
Trégua à Junta Militar
Os ataques atribuídos à auto-proclamda Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na região centro de Moçambique também mereceram a atenção de Filipe Nyusi no encontro da FRELIMO em Pemba.
O Presidente Moçambicano anunciou que vai instruir, a partir deste domingo (25.10), as Forças de Defesa e Segurança a pararem de perseguir o grupo liderado por Mariano Nhongo para dar a oportunidade à Junta Militar de aderir ao diálogo, com vista a pôr fim às hostilidades militares no centro do país.
Trata-se da abertura de uma espécie de corredor de diálogo com os dissidentes da RENAMO, que têm sido acusados de protagonizar ataques contra alvos civis e militares, principalmente na Estrada Nacional Número Um (EN1).
"Não vamos perseguir a Junta [Militar] durante uma semana, precisamente para dizer que nós estamos abertos, eu estou aberto, o país está aberto [ao diálogo]," afirmou.
"Eles já sabem como estamos a trabalhar as vias necessárias para ver se reencontrámo-nos e encontramos a solução para que o problema não prevaleça, moçambicanos a matarem outros moçambicanos. Vamos dizer parem, por enquanto. Depois, chamo mais uma vez a Junta Militar da RENAMO para aproveitarmos essa oportunidade que estou a dar para poder juntar-se ao diálogo para encontrarmos soluções como moçambicanos e sairemos a ganhar", explicou Nyusi.
Entretanto, mesmo depois da trégua, as FDS estarão em alerta para, segundo Nyusi, não se distrair na defesa das populações.
Para além da situação de segurança no país, com particular enfoque para o terrorismo em Cabo Delgado e os ataques atribuídos à auto-proclamada Junta Militar da RENAMO no centro - no encontro da FRELIMO em Pemba, discutiu-se também a situação política interna do partido, os projetos de desenvolvimento do Executivo e a pandemia da Covid-19 no país.
O retiro da FRELIMO juntou dirigentes daquela formação política no poder em Moçambique, antigos combatentes, alguns ministros entre outros convidados.