Oposição é "livre de contestar" os resultados, diz FRELIMO
20 de outubro de 2019A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder, considerou este domingo (20.10) que a oposição é "livre de contestar" os resultados das eleições gerais de 15 de outubro.
"Eles têm as suas razões para reclamar e são livres de o fazer", disse Esperança Bias, dirigente da FRELIMO na capital Maputo, à margem de uma conferência de imprensa convocada pelas autoridades eleitorais para apresentar os resultados do apuramento na capital.
A apresentação pública está prevista na lei, mas os partidos da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não compareceram.
A FRELIMO venceu na capital, tanto nas presidenciais, como nas legislativas. Segundo o apuramento provisório do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), com 1.130 das 1.665 mesas de voto apuradas, o Presidente da República e candidato à reeleição da FRELIMO, Filipe Nyusi, tem 69,12% dos votos válidos, seguido de Ossufo Momade, candidato da RENAMO, com 24,55% dos votos, e Daviz Simango, do MDM, com 6,04% dos votos.
Com apenas 20% das urnas apuradas em Maputo, os deputados da FRELIMO alcançaram 73,17% dos votos, contra 19,63% da RENAMO e 4,99% do MDM. Para Esperança Bias, a vitória da FRELIMO resulta do "compromisso" que o partido tem com as suas promessas.
Resultados em Cabo Delgado
Na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) local anunciou este domingo que a FRELIMO conserva a sua vantagem nas eleições para a Assembleia da República, assim como o seu candidato à Presidência da República. Filipe Nyusi mantém-se na liderança em Cabo Delgado com 75.3%, seguido de Ossufo Momade, com 20.66%, Daviz Simango, com 3.71%, e Mário Albino, com 0.71%.
No Parlamento moçambicano, a FRELIMO obteve 73.88% dos votos. A RENAMO obteve 20.22% e o MDM, 3.10%. O partido no poder também consolidou vantagem eleitoral na Assembleia Provincial de Cabo Delgado, com 74.54% dos votos.
Contestação
O MDM e o Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), presentes na cerimónia, não reconhececem os resultados anunciados alegando várias irregularidades. Almeida Dali, do PAHUMO, recordou que as irregularidades iniciaram antes mesmo da votação com discriminação contra os partidos extraparlamentares, o que terá ditado a rejeição da lista do seu partido para as eleições legislativas e presidenciais, além de dificuldades no embolso do dinheiro para a campanha eleitoral.
Paulo Assante, mandatário do MDM, fala numa campanha eleitoral promovida pelos presidentes das mesas durante o processo de votação. A RENAMO não prestou declarações a jornalistas.
O nível de abstenção em Cabo Delgado superou os 50%. No ato da apresentação dos resultados, o presidente da Comissão Provincial de Eleições, Albino Pariela, referiu que não houve votos reclamados e a deliberação dos mapas do apuramento provincial foi por consenso.
A lei prevê que os trabalhos de centralização nacional e apuramento geral dos resultados tenham início na segunda-feira (21.10) e incluam a apreciação de questões prévias e requalificação de votos. Até dia 30 de outubro, os resultados devem ser anunciados em cerimónia pública pelo presidente da CNE.