Governador faz empréstimo para pagar estadia em hotel
2 de julho de 2019Victor Borges, governador de Nampula, diz que pagou no mês passado parte da sua dívida para com o Grand Plaza Hotel. A conta é relativa à sua hospedagem de mais de 30 dias, na sequência da invasão de uma suposta praga de ratos na residência oficial.
Para pagar a dívida, Vitor Borges diz que recorreu a um empréstimo bancário: "Eu fiz uma entrada de cerca de 300 mil meticais ( cerca de 4.285 euros)e dei uma instrução permanente ao banco, onde eu tenho uma conta bancária, para mensalmente descontar um valor, de tal modo que em oito ou nove meses a dívida estará paga."
O governador de Nampula, refira-se, tem uma dívida de um milhão e trezentos e cinquenta mil meticais (cerca de dezoito mil e duzentos euros) em refeições e alojamento dele e da sua família contraída num período de 33 dias na mais luxuosa estância hoteleira da província que governa.
Quando o assunto começou a gerar polémica, Vitor Borges regressou a casa e reconheceu que o seu regresso tenha sido motivado pelas várias críticas que vinha recebendo. Na altura Borges assumiu a dívida contraída e pediu perdão publicamente.
Governador tem de apresentar provas de pagamento?
Entretanto, o jornalista Aunício da Silva, por sinal um dos que investigou e despoletou o caso, considera de falacioso o anúncio do pagamento de parte da dívida, uma vez que Victor Borges ainda não apresentou as provas.
"Eu tenho as minhas dúvidas se, de facto, o governador pagou ou não. Porque é que eu tenho dúvidas sobre isto? Primeiro, porque não há uma prova material que tenha exibido ao povo de Nampula que, de facto, pagou e que o dinheiro terá saído da sua conta bancária. Se tivesse mostrao na publicidade, que fez na Praça dos Heróis a 25 de junho, seria bom. Teria provado que foi possível. Cá por mim acredito que seja falácia."
Mas será mesmo que o governador Borges vai apresentar as provas materiais dos pagamentos das suas dívidas no hotel? Aunício da Silva acredita que "[isso] está muito longe de acontecer, conhecendo a natureza dos nossos dirigentes. Ele é que tem de nos dar o ónus da prova, naturalmente, porque nestas situações a parte interessada na preservação da imagem é o senhor Victor Borges."
Manobras eleitoralistas?
Aunício da Silva aventa a possibilidade de se tratar de uma manobra eleitoralista: "Estamos num ano eleitoral e Nampula é o maior círculo eleitoral do país. Há uma grande pressão para que a governação da FRELIMO aqui não fique manchada por tudo isto, então pode ser uma artimanha no sentido de salvaguardar a imagem do partido."
E o jornalista conclui ao afirmar que "também é preciso reparar que o senhor Victor Borges neste processo eleitoral que vamos entrar ele não tem nada a perder, porque os próximos governadores serão eleitos e não há indicação suficiente de que ele seja o cabeça-de-lista do partido FRELIMO a partir de Nampula".