Governo moçambicano pede ajuda para as vítimas do Dineo
20 de fevereiro de 2017O Primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, afirmou esta segunda-feira (20.02), em conferência de imprensa, após a sua visita aos locais da província de Inhambane mais afetados pelo ciclone Dineo, que vitimou mortalemnte sete pessoas e feriu outras 55, que as medidas para a atual situação da população e distritos afetados devem ser tomadas ao nível local. No entanto, e lembrando que os prejuízos humanos e materiais provocados pelo ciclone foram avultados, o primeiro-ministro de Moçambique deu conta que vai pedir aos parceiros internacionais e agentes económicos ajudas para as vítimas.
"Sabemos o que deve ser feito imediatamente, o que a província pode fazer com os recursos locais. Nós também vamos avaliar a nossa capacidade central e a dos nossos parceiros internacionais. Mas (apelar) também à solidariedade interna, às empresas, à sociedade civil, para que possamos agir de uma forma mais consentânea”, afirmou Carlos Agostinho do Rosário, acrescentando que é necessário que o governo da província de Inhambane faça uma avaliação mais profunda sobre os danos causados pelo ciclone.
Na mesma ocasião, Carlos Agostinho do Rosário alertou os governantes da província para os cuidados que devem ter por forma a evitar a eclosão de doenças e epidemias que poderão surgir após a passagem do ciclone. "Recomendamos que façam um levantamento mais profundo em termos das áreas afetadas. E também assegurar que haja água e saneamento para que as pessoas não tenham doenças ligadas à falta de água ou água não tratada”, afirmou.
Crítica à qualidade das estradas
No mesmo dia em que o Governo anunciou que os prejuízos provocados pelo "Dineo” na província de Inhambane chegam aos 12 milhões de euros, Carlos Agostinho do Rosário criticou a qualidade das obras no sul de Moçambique, apontando esta realidade como uma das causas da destruição das infraestruturas públicas na passagem do ciclone.
"O grande problema é a qualidade das obras, os projetos de construção têm de ter em conta que, no nosso país, sempre haverá ciclones", afirmou o governante, acrescentando que a fiscalização das obras deve ser intensificada. De acordo com o responsável, "o orçamento que é planificado para a construção não é aplicado, porque os empreiteiros querem ficar com o dinheiro”.
Ciclone apanha de surpresa Maxixe
O ciclone apanhou de surpresa o governo do distrito da Maxixe que está sem recursos financeiros para ajudar as pessoas atingidas. No entanto, e de acordo com João Muchine, administrador da Cidade de Maxixe, alguns parceiros já enviaram, "embora em pouca quantidade”, produtos alimentares aos centros de acolhimento.
"O fenómeno tropical Dineo apanhou-nos numa situação em que quer o governo, quer o Conselho Municipal, não estavam preparados do ponto de vista dos recursos para fazer face às suas consequências. Refiro-me, em particular, às famílias que ficaram sem nada”, explicou João Muchine, acrescentando que tem informação de que o distrito irá "receber uma ínfima quantidade de arroz e feijão manteiga”.
Aulas interrompidas
Os edifícios escolares foram mais uma vítima da força do "Dineo”. As aulas estão interrompidas em Inhambane, no entanto, Daniel Chapo, governador local, prometeu montar tendas, de modo a que as aulas recomecem ainda durante esta semana.
"As aulas vão ser retomadas em toda a província. Onde há condições vamos retomar normalmente. Onde não houver condições estamos a encontrar alternativas e a montar tendas-escola. O nosso parceiro, a UNICEF, ainda não nós disse a quantidade concreta (de tendas-escola ), mas disse que já estão a caminho da província de Inhambane, assim como tendas-hospitais, onde vamos acomodar alguns doentes”.
Muitas famílias ficaram sem abrigo e tiveram que ser acomodadas nos centros de acolhimento. Em entrevista à DW África, Sofia Joaquim, que vive numa sala de aulas com mais de 50 pessoas, afirmou não saber qual será o seu destino. "Está tudo destruído, quase não recuperámos nada. Só tivemos o apoio de um quarto, viemo-nos acumular numa sala grande,onde estamos cerca de 50 pessoas. Para onde vamos daqui não sabemos”,afirmou.
Número de vítimas pode aumentar
Para já, e segundo dados oficiais, o ciclone Dineo destruiu 106 edifícios públicos, 70 unidades hospitalares, 998 salas de aula, três torres de comunicação e 48 postos de transporte de energia elétrica. No entanto, alerta Paulo Tomás, porta-voz do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), o número de afetados pode aumentar.
Segundo este responsável, um dos principais problemas no levantamento dos dados tem sido a comunicação, na medida em que, como resultado da queda das torres, o contacto com as equipas no terreno está condicionado.