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Julgamento de ex-ministra começa à porta fechada

15 de março de 2022

Começou o julgamento de mais um escândalo de corrupção em Moçambique. Maria Helena Taipo, antiga ministra do Trabalho, está entre os arguidos. Acesso foi vedado à imprensa.

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Mosambik Maria Helena Taipo ehemaliger Arbeitsminister
Foto: Roberto Paquete/DW

O julgamento de Maria Helena Taipo, ex-ministra do Trabalho e antiga embaixadora de Moçambique em Angola, começou esta terça-feira (15.03) à porta fechada.

À saída do tribunal, Inácio Matsinhe, advogado da ex-ministra, também não disse muito: "Não se comenta o despacho da acusação", afirmou apenas. "Estamos a arrumar a mesa, a guardar os pratos e vamos começar a comer a partir de amanhã."

Maria Helena Taipo e outros 11 arguidos são suspeitos de um rombo financeiro de 113 milhões de meticais (cerca de 1,6 milhões de euros) na Direção do Trabalho Migratório, em 2014. Segundo a acusação, o dinheiro foi usado para comprar carros, casas e cabazes de alimentos e bebidas alcóolicas.

Noutro caso, Taipo é também acusada caso de ter recebido 100 milhões de meticais (cerca de 1,4 milhões de euros) em subornos, que corresponderiam a contrapartidas pelo favorecimento de empresas de construção civil e de uma gráfica em contratos com o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).

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O advogado Félix Mucache, que defende um dos funcionários do INSS, disse que algumas acusações do Ministério Público fazem sentido, mas a verdade será apurada durante as audições.

"Se isso é verdade ou não, se isso ocorreu, é o que vamos ver na discussão que começa amanhã."

Uma oportunidade perdida

Dércio Alfazema, analista do Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), critica o facto de a audição ter sido realizada longe dos holofotes jornalísticos. Segundo ele, a Justiça moçambicana perdeu uma oportunidade para mostrar que é completamente transparente no combate à corrupção.

O analista lembra que o julgamento do caso das "dívidas ocultas", que é "mais complexo", foi transmitido pela TV. Agora, se  A Justiça tivesse permitido o acesso à comunicação social, teria enviado "um sinal de reforço da transparência, para que essas pessoas pudessem ter a oportunidade de esclarecer e refazer aquilo que é a sua imagem da opinião pública".

Dércio Alfazema acredita que este julgamento será mais "político".

"Esta questão política vai ser muito explorada, sobretudo atendendo à qualidade da própria Helena Taipo, que foi uma figura bastante influente no partido [FRELIMO], foi uma ministra com uma influência muito forte, sobretudo no grupo do Presidente Armando Guebuza".

A antiga ministra esteve em prisão preventiva entre abril de 2019 e maio de 2021.

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